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Assembléia da Venezuela investiga Manuel Rosales
Líder da oposição é acusado de desvio de dinheiro
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
A Assembléia Nacional venezuelana, controlada pelos chavistas, iniciou um procedimento de investigação contra o
principal líder da oposição, Manuel Rosales, governador do
Estado de Zulia. O ex-candidato a presidente é acusado de
desviar recursos públicos e de
não acatar decisões judiciais.
O Parlamento venezuelano
aprovou dois pedidos de investigação: um para apurar o desvio de recursos extraordinários
e outro sobre por que Rosales
supostamente não obedeceu a
uma ordem judicial para fazer o
pagamento de funcionários públicos com esse dinheiro.
"O governo Rosales está em
desacato por ter ignorado uma
decisão do Tribunal Contencioso Administrativo de Zulia,
que lhe ordena se explicar sobre o dinheiro destinado a pagar um passivo trabalhista",
disse à Folha o deputado chavista Calixto Ortega, também
eleito por Zulia.
De acordo com Ortega, a Assembléia Nacional aprovou no
ano passado no Estado de Zulia
um recurso extra equivalente a
R$ 49 milhões para pagar pensões e salários atrasados, mas
essas dívidas nunca foram quitadas, apesar de haver uma outra decisão judicial obrigando
Rosales a efetuar o pagamento.
"Por esse desacato, a Assembléia Nacional está solicitando
as averiguações."
O governador Rosales nega
que tenha desviado recursos ou
desobedecido a decisões judiciais e acusa o presidente venezuelano, Hugo Chávez, de estar
por trás da iniciativa de o perseguir politicamente.
"É uma chantagem do governo contra o principal líder opositor do país", disse à Folha Timoteo Zambrano, um dos principais dirigentes do partido de
Rosales, Um Novo Tempo. "Vamos nos defender utilizando as
armas que temos nas mãos, que
são as instituições totalmente
liqüidadas por Chávez. Aqui
não tem mais Estado de Direito," afirmou Zambrano.
Nas eleições presidenciais de
3 de dezembro, Rosales obteve
37% dos votos. Desde então, o
governador tem perdido força
política dentro da oposição, a
ponto de não conseguir promover grandes manifestações
contra medidas polêmicas de
Chávez, como a nacionalização
de setores estratégicos e a intenção de reformar a Constituição para incluir a reeleição
indefinida.
RCTV
Um tribunal venezuelano
condenou a emissora de TV
opositora RCTV a pagar US$
700 mil por supostas irregularidades fiscais, informou ontem a Conatel (Comissão Nacional de Telecomunicações).
Em maio, o canal, que apoiou
o frustrado golpe de Estado de
abril de 2002, deve sair do ar
por causa da decisão de Chávez
de não renovar sua concessão.
Até o fechamento desta edição, a RCTV não havia se pronunciado sobre a multa.
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