São Paulo, sábado, 10 de março de 2007

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Assembléia da Venezuela investiga Manuel Rosales

Líder da oposição é acusado de desvio de dinheiro

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

A Assembléia Nacional venezuelana, controlada pelos chavistas, iniciou um procedimento de investigação contra o principal líder da oposição, Manuel Rosales, governador do Estado de Zulia. O ex-candidato a presidente é acusado de desviar recursos públicos e de não acatar decisões judiciais.
O Parlamento venezuelano aprovou dois pedidos de investigação: um para apurar o desvio de recursos extraordinários e outro sobre por que Rosales supostamente não obedeceu a uma ordem judicial para fazer o pagamento de funcionários públicos com esse dinheiro.
"O governo Rosales está em desacato por ter ignorado uma decisão do Tribunal Contencioso Administrativo de Zulia, que lhe ordena se explicar sobre o dinheiro destinado a pagar um passivo trabalhista", disse à Folha o deputado chavista Calixto Ortega, também eleito por Zulia.
De acordo com Ortega, a Assembléia Nacional aprovou no ano passado no Estado de Zulia um recurso extra equivalente a R$ 49 milhões para pagar pensões e salários atrasados, mas essas dívidas nunca foram quitadas, apesar de haver uma outra decisão judicial obrigando Rosales a efetuar o pagamento. "Por esse desacato, a Assembléia Nacional está solicitando as averiguações."
O governador Rosales nega que tenha desviado recursos ou desobedecido a decisões judiciais e acusa o presidente venezuelano, Hugo Chávez, de estar por trás da iniciativa de o perseguir politicamente.
"É uma chantagem do governo contra o principal líder opositor do país", disse à Folha Timoteo Zambrano, um dos principais dirigentes do partido de Rosales, Um Novo Tempo. "Vamos nos defender utilizando as armas que temos nas mãos, que são as instituições totalmente liqüidadas por Chávez. Aqui não tem mais Estado de Direito," afirmou Zambrano.
Nas eleições presidenciais de 3 de dezembro, Rosales obteve 37% dos votos. Desde então, o governador tem perdido força política dentro da oposição, a ponto de não conseguir promover grandes manifestações contra medidas polêmicas de Chávez, como a nacionalização de setores estratégicos e a intenção de reformar a Constituição para incluir a reeleição indefinida.

RCTV
Um tribunal venezuelano condenou a emissora de TV opositora RCTV a pagar US$ 700 mil por supostas irregularidades fiscais, informou ontem a Conatel (Comissão Nacional de Telecomunicações).
Em maio, o canal, que apoiou o frustrado golpe de Estado de abril de 2002, deve sair do ar por causa da decisão de Chávez de não renovar sua concessão.
Até o fechamento desta edição, a RCTV não havia se pronunciado sobre a multa.


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