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REAÇÃO
Chefes de Estado no Oriente Médio dizem querer fim de ocupação dos EUA "o quanto antes"
Árabes pedem governo de iraquianos
DA REDAÇÃO
Enquanto as tropas americanas
tomavam o controle de Bagdá, os
países árabes pediam ontem que
os próprios iraquianos elejam seu
governo, opondo-se à vontade de
Washington de instalar uma administração provisória.
O primeiro chefe de Estado árabe a reagir à derrubada do regime
de Saddam Hussein, o presidente
egípcio, Hosni Mubarak, pediu
que a população iraquiana "se encarregue do governo e da administração o mais rápido possível".
"[Garantir] que o Iraque seja
governado por seus filhos o quanto antes é o meio mais rápido de
garantir a estabilidade para o povo iraquiano", disse Mubarak
Washington pretende confiar,
ao menos em uma primeira etapa,
a administração do "novo" Iraque a um general americano aposentado, Jay Garner.
Em Riad, o ministro das Relações Exteriores saudita, Saud al
Faisal, também afirmou que a população iraquiana deveria formar
seu próprio governo e pediu um
fim rápido para a ocupação anglo-americana do Iraque.
"O governo de Bagdá com o
qual manteremos relações será o
que o povo iraquiano eleger. Não
nos anteciparemos aos acontecimentos, aceitaremos tudo o que o
povo iraquiano decidir", disse
Faisal. "Deve-se abrir caminho ao
povo iraquiano para que escolha
os meios pelos quais quer administrar seus assuntos, e a ocupação deve acabar o quanto antes."
Saud afirmou ainda que o novo
governo iraquiano teria de ser reconhecido pela ONU, que, segundo ele, deveria se envolver na reconstrução do Iraque.
Em Amã, o ministro jordaniano
de Relações Exteriores, Marwan
Moasher, também afirmou que a
população iraquiana teria de decidir seu futuro e escolher seus dirigentes. "O povo iraquiano deve
decidir o futuro do Iraque e quem
serão seus dirigentes no atual estado" das coisas, disse Moasher.
Não cabe a "ninguém" fazê-lo em
seu lugar, afirmou, enfatizando a
importância de "preservar a segurança doméstica do Iraque e não
permitir que se deteriore, pois isso teria graves repercussões".
A posição dos países árabes é
compartilhada pelo Irã. "O futuro
governo iraquiano terá de refletir
a vontade da população e a ONU
deve desempenhar um papel",
disse o chanceler iraniano Kamal
Kharazi.
Mídia
Redes de TV por satélite faladas
em árabe levaram as imagens da
simbólica derrubada de uma estátua gigante do ditador iraquiano
em uma praça no centro de Bagdá
a casas e cafés do Marrocos aos
Emirados Árabes Unidos.
Um âncora kuaitiano repetiu
diversas vezes a frase "Allahu Akbar" (Deus é maior, em árabe) enquanto um veículo blindado americano derrubava a estátua de
Saddam em Bagdá. "Este é o destino de todos os ditadores que são
duros com seu povo", disse.
Em uma atitude pouco comum,
as TVs estatais de Marrocos, Arábia Saudita, Egito, Sudão, Jordânia, Omã, Kuait, Iêmen, Bahrein e
Emirados Árabes Unidos mostraram as imagens ao vivo. A maior
parte desses governos condenaram oficialmente a invasão do
Iraque liderada pelos EUA, apesar
de alguns deles terem discretamente apoiado os americanos.
A TV estatal da Síria, que é governada por uma facção rival do
partido Baath, mostrou programas de poesia e arte enquanto a
estátua de Saddam, que, simbolicamente, aponta para Jerusalém,
caía por terra.
Um canal de notícias sírio privado mostrou tanques americanos e
saques na capital iraquiana, mas
não exibiu comemorações, e sim
a falta de remédios e água em hospitais superlotados.
As reações do público foram variadas. Enquanto alguns árabes
paravam defronte a vitrines para
observar as imagens na TV, outros desligaram seus televisores,
enojados, diante das cenas de
multidões em Bagdá celebrando a
chegada das tropas americanas.
Com agências internacionais
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