São Paulo, sábado, 10 de abril de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Momento é o "pior", admite Londres

DA REDAÇÃO

As forças americanas anunciaram a retomada de uma das três cidades dominadas pela milícia Exército Mehdi, liderada pelo clérigo radical xiita Moqtada al Sadr, no mesmo dia em que o governo britânico admitiu que o momento é o "pior" já enfrentado pela coalizão militar que ocupa o Iraque.
Em declaração lida por um de seus apoiadores em mesquita em Kufa, Al Sadr disse que os EUA enfrentam uma "revolução". "Dirijo-me a meu inimigo Bush. Você combate agora contra toda uma nação, do sul ao norte, de leste a oeste. Aconselhamos que retire [as tropas] do Iraque", disse.
"Foi uma semana dura, sejamos claros. Mas eles [os rebeldes] serão derrotados", disse o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell.
Soldados americanos entraram em Kut na madrugada de ontem, expulsando membros da milícia liderada por Al Sadr. Um helicóptero americano atacou o escritório do clérigo radical, matando duas pessoas, segundo testemunhas. Durante o dia, soldados dos EUA patrulhavam as ruas da cidade de cerca de 250 mil habitantes a 170 km a sudeste de Bagdá.
As forças de Al Sadr mantêm o controle de Kufa e do centro da cidade sagrada da Najaf. Uma operação neste fim de semana é arriscada, já que a região recebe milhares de peregrinos para uma comemoração sagrada xiita.

"Situação é a mais séria"
"Não há dúvidas de que a situação atual é a mais séria que nós já enfrentamos", disse o chanceler britânico, Jack Straw, à rádio BBC. O Reino Unido é o principal aliado do presidente George W. Bush na Guerra do Iraque.
Os intensos combates dos últimos dias nas cidades sunitas de Fallujah e Ramadi chegaram aos arredores do oeste de Bagdá, onde insurgentes mataram nove em ataque a um comboio dos EUA.
Vários veículos foram incendiados e tombados. O corpo de um estrangeiro estirado na estrada foi golpeado por um insurgente. Na estrada de Fallujah a Bagdá, adolescentes armados com granadas-foguetes e rifles escondiam-se em pontes e terrenos baldios.
A violência dos últimos dias, incorporando os até então condescendentes xiitas do sul e escalando a violência sunita na região central, expôs a frágil estabilidade conquistada pelos EUA exatamente um ano após a derrubada do ex-ditador Saddam Hussein.
Na última semana, ao menos 51 soldados da coalizão morreram. Do lado iraquiano, as mortes dos últimos dias chegam a pelo menos 460, a maioria em Fallujah.
Desde o início da Guerra do Iraque, em março do ano passado, ao menos 643 militares norte-americanos morreram.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Iraque ocupado: Crise domina Iraque no 1º ano sem Saddam
Próximo Texto: Fallujah enterra mortos em estádio
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.