São Paulo, domingo, 10 de abril de 2005

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Escândalo de 82 envolve a máfia e assassinato

DA REPORTAGEM LOCAL

Depois das extravagâncias da Renascença e da venda de indulgências durante o século 16, os escândalos envolvendo o Banco do Vaticano formam algumas das maiores manchas na reputação da Igreja Católica.
O banco já foi acusado de ajudar italianos ricos a sonegar impostos, de ter lavado dinheiro para a máfia e de servir como um eficiente canal para financiamento ilícito de campanhas políticas.
Um dos maiores escândalos, porém, foi o envolvimento da instituição com o colapso do Banco Ambrosiano italiano, em 1982.
O ex-dirigente do Ambrosiano, Roberto Calvo, era conhecido como ""o banqueiro de Deus" tanto por suas ligações com o Banco do Vaticano quanto com a máfia.
Na base do escândalo estavam cartas do Banco do Vaticano garantindo operações duvidosas realizadas pelo Ambrosiano, que usou as garantias da igreja em negócios fraudulentos.
As cartas foram assinadas pelo arcebispo Paul Marcinkus, presidente do Banco do Vaticano à época. Em uma série de escândalos, o Ambrosiano quebrou com um rombo de US$ 1,2 bilhão.
Apesar de o Vaticano ter negado qualquer envolvimento, teve de arcar com indenizações de US$ 244 milhões. Diante da resistência de Marcinkus em pagar uma conta que mancharia a imagem da igreja, o próprio João Paulo 2º teria tomado a decisão, temendo que o caso se arrastasse ainda mais.
Logo depois da quebra do Ambrosiano e sob fiança, Calvi fugiu para Londres. Dias depois, foi encontrado enforcado com alguns tijolos e US$ 15 mil nos bolsos pendurado na ponte de Blackfriars, sobre o Tâmisa.
A hipótese inicial de suicídio foi afastada totalmente só 20 anos depois. Peritos alemães constataram que teria sido impossível a Calvo subir sozinho na plataforma de onde ficou pendurado.
A polícia italiana logo começou a investigar a participação da máfia no caso. O motivo do assassinato seria vingança pelo fato de Calvo ter desviado para si parte de um dinheiro que deveria ter sido apenas lavado.
Em 2004, detetives italianos encontraram US$ 70 milhões em uma conta de Calvo nas Bahamas.(FCZ)

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