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Acossados, EUA rejeitam reatar com Cuba
Em debate, assessor de Obama sofre pressão por aproximação, chama ilha de "estranho no ninho" e ataca líderes "espalhafatosos" da região
Pressão latino-americana deve ser reforçada durante Cúpula das Américas, em meio a fortes lobbies contra e pró-ilha dentro dos EUA
FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
A despeito do esforço de dissuasão dos EUA, Cuba instalou-se como um tema de pressão sobre o presidente Barack
Obama na Cúpula das Américas, na próxima semana, em
Trinidad e Tobago. Ontem, David Davidow, o assessor da Casa
Branca para o evento, defendeu-se do clamor pela normalização das relações americanas
com Havana e disse que o antidemocrático regime comunista
é "o estranho no ninho" nas
Américas, não Washington.
Davidow falou em uma teleconferência promovida pelo
Council on Foreign Relations
(CFR), desde Nova York, e fez
referência à ilha e à Venezuela
de Hugo Chávez, que promete
lançar o tema de Cuba, excluída
do encontro, na cúpula. "Outra
questão é como ou se o tema de
Cuba vai aparecer, ou como alguns dos mais espalhafatosos
atores da América Latina vão
agir", disse o assessor.
Ele defendeu que Cuba não
deve ofuscar a chance de os países da região estabelecerem
uma agenda com os EUA em
torno da crise econômica, das
parcerias em energia e em segurança. Não deu, porém, cifras
de ajuda financeira e foi vago
sobre os dois últimos aspectos.
Além da pressão latino-americana, a Cúpula das Américas
ocorre em meio a intenso movimento de lobbies contra e pró-ilha nos EUA -esses com apoio
de associações de comércio e
agricultura. Enquanto isso, em
Havana, Fidel Castro, pelo terceiro dia consecutivo, voltou a
elogiar o Obama por sua "mente ágil", mas de ação limitada
por presidir o "império".
Ao defender que a Casa Branca deve seguir exigindo de Cuba
uma transição democrática,
Davidow citou editorial do jornal "Washington Post" criticando a visita nesta semana de
congressistas negros a Havana.
Já o "New York Times" publicou que a influente anticastrista Fundação Nacional Cubano-Americana (FNCA) agora quer
mudança na política para a ilha.
"A noção de que a democracia deve ser o único critério para definir a relação com Cuba
não para em pé. O único país
que tem sido isolado por esses
50 anos de embargo é os EUA",
disse David Rothkopf, consultor e ex-assessor de Bill Clinton
(1993-2001), na teleconferência do CFR.
Isolado no evento, Davidow
teve de ouvir Luís Alberto Moreno, colombiano presidente
do BID (Banco Interamericano
de Desenvolvimento), repetir
que a nova relação dos EUA
com a região neste século passa
pela aproximação com Cuba.
Rothkopf cobrou compromisso dos EUA no financiamento do BID -o país é o
maior acionista do banco- e
previu que a área que vai da Colômbia ao México, verdadeira
"fronteira" dos EUA com o crime organizado, deve ser o eixo
das discussões de segurança na
cúpula. Para Rothkopf, o resto
da região ficará sob a influência
do Brasil nesta questão, já que
Washington não terá dinheiro
nem meios para se envolver
nisso no futuro próximo.
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