São Paulo, segunda-feira, 10 de maio de 2004

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PERFIL

Kadyrov virou alvo ao se tornar aliado do Kremlin

DA REDAÇÃO

O presidente Akhmad Kadyrov tornou-se um dos principais inimigos das guerrilhas anti-Rússia quando abandonou o movimento separatista para procurar a paz com o Kremlin. Ele já havia sobrevivido a várias tentativas de assassinato.
Nascido em 1951 na república do Cazaquistão -onde o ditador soviético Josef Stálin exilou toda a população tchetchena em razão de acusações nunca comprovadas de colaboração com os nazistas-, Kadyrov fez seus estudos em instituições islâmicas.
Em 1989, quando a Tchetchênia ainda estava sob o domínio da União Soviética, Kadyrov fundou o primeiro instituto islâmico no norte do Cáucaso e desempenhou um importante papel no fortalecimento da religião na região.
De 1994 a 1995, ele lutou ao lado das forças rebeldes contra as tropas russas até que o líder Dzhokhar Dudayev o nomeou supremo mufti (líder religioso).
Em 1996, Kadyrov foi um dos participantes das negociações de paz com Moscou, que resultaram na retirada russa da Tchetchênia.
Quando os rebeldes invadiram a região russa do Daguestão em 1999 -provocando nova intervenção militar da Rússia, que continua até hoje-, Kadyrov anunciou seu rompimento, reclamando da crescente influência do wahabismo (ramo do islamismo que segue uma interpretação literal e rígida do Alcorão) na república.
"A Rússia nos deu tudo o que é a Tchetchênia, [dizendo] façam o que bem entenderem. Mas nós não soubemos fazer uso adequado", disse em uma entrevista à agência Reuters para explicar a sua mudança de lado.
Em 2000, a Rússia retribuiu o apoio, indicando-o para o principal cargo da administração civil da república. Em 2003, Kadyrov tornou-se presidente com 80% dos votos de uma eleição que teve muitos reparos quanto à sua lisura. Os EUA afirmaram que o pleito, por não ser suficientemente livre e justo, foi "uma oportunidade desperdiçada".

Mais violência
Além da promessa de vingança feita ontem pelo presidente Vladimir Putin, o atentado deixa muitos tchetchenos apreensivos quanto à possibilidade da eclosão de uma nova onda de violência e terror.
As forças de segurança de Kadyrov, chefiadas pelo seu filho mais jovem, Ramzan, já receberam diversas acusações de estar por trás do desaparecimento de civis e execuções extrajudiciais. Akhmad e Ramzan sempre negaram as acusações.


Com agências internacionais


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