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ANÁLISE
Ataque abala política de Putin
JIM HEINTZ
DA ASSOCIATED PRESS
A bomba que matou ontem em
Grozni o presidente tchetcheno,
Akhmad Kadyrov, parece também ter causado um dano mortal
na estratégia do Kremlin para o
confronto na região, que já passou por duas guerras desde 1994.
Incapaz de deter os separatistas
rebeldes e contrário a qualquer
forma de negociação com eles, o
presidente russo, Vladimir Putin,
prometeu que a estabilidade seria
restaurada com a cessão de autonomia aos tchetchenos, incluindo
a eleição do líder da república.
Após o atentado de ontem, no
entanto, políticos e analistas russos pediram a intervenção direta
de Moscou na Tchetchênia, o que
levaria o Kremlin ao centro de um
conflito do qual ele tenta manter
distância. "Considero necessário
estabelecer o controle presidencial direto na Tchetchênia e possivelmente declarar estado de
emergência nos territórios fronteiriços", disse Lyubov Sliska, vice-líder da coalizão pró-Putin no
Parlamento russo.
Seu discurso foi endossado pelo
parlamentar nacionalista Dmitri
Rogozin, que defendeu a "destruição" dos responsáveis pelo
ataque de ontem.
"A morte de Kadyrov apresenta
um sério dilema para as autoridades federais", opinou o analista
Nikolai Ulyanov. "O estabelecimento de um estado de emergência brutal e direto da Presidência
não pode ser excluído."
Apesar dos apelos, o governo
central não indicou ontem qualquer sinal de alteração em sua estratégia. "Nosso trabalho na república não será interrompido", disse Sergei Abramov, 32, premiê
tchetcheno que assumiu interinamente a Presidência.
Discurso duro
O discurso de Rogozin lembra
as duras promessas de caça aos
separatistas tchetchenos feitas
por Putin em 1999, quando o então premiê ordenou uma ofensiva
militar na região. Após a morte de
dezenas de milhares de pessoas
no confronto, a destruição quase
completa de Grozni e denúncias
de abusos e maus tratos contra
prisioneiros por militares russos,
o Kremlin alterou sua estratégia,
já que não conseguirá conter totalmente os rebeldes.
O plano adotado a partir de
2002 incluiu um plebiscito na
Tchetchênia em que 95% dos votantes optaram pela permanência
da república na Rússia e a eleição
de Kadyrov -processos boicotados e considerados fraudulentos
pelos separatistas.
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