São Paulo, terça-feira, 10 de maio de 2005

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IRAQUE SOB TUTELA

Segundo comando americano, operação visou seguidores da Al Qaeda; civil japonês é seqüestrado

EUA dizem ter matado cem em ataque

DA REDAÇÃO

O comando militar dos EUA anunciou ontem que seus soldados mataram cerca de cem insurgentes em uma operação contra seguidores do terrorista jordaniano Abu Musab al Zarqawi, líder da Al Qaeda no Iraque, em Al Qaim, perto da Síria.
Em um comunicado divulgado na internet, cuja autenticidade não pode ser comprovada, a Al Qaeda negou as baixas. "Os adoradores da cruz fingem ter matado muçulmanos em Al Qaim. Estão mentindo novamente."
A operação, que começou na noite de sábado e durou 48 horas, se segue à morte de dez soldados e dois civis americanos no fim de semana. A violência cresce de forma exponencial desde a nomeação do novo gabinete iraquiano, no último dia 28: nesse período, mais de 300 iraquianos foram mortos, civis em sua maioria.
Segundo o jornal "The Washington Post", a escalada é vista pelos militares dos EUA como um sinal de que grupos radicais do exterior estão participando mais ativamente do conflito no Iraque. Com isso, o comando americano está mudando seu foco para os combatentes estrangeiros.
Antes, na visão do Pentágono, os ataques tinham origem muito mais em "elementos do regime deposto" -membros do extinto partido Baath e das tropas do ex-ditador Saddam Hussein. Mas o grupo, diz o "Post", citando militares americanos, teria recuado após as eleições de janeiro último, a fim de repensar estratégias e buscar alternativas políticas.
Em uma entrevista à agência de notícias Reuters, o presidente do Iraque, Jalal Talabani, afirmou não temer uma guerra civil no país. Para ele, Al Zarqawi foi "enfraquecido e isolado", perto de ser capturado. Talabani acusou ainda "países estrangeiros", sem citar nomes, de financiar a insurgência.
A entrevista foi a última do presidente antes de ele embarcar para o Brasil, onde participaria da Cúpula Árabe-Sul Americana.

Japonês seqüestrado
A operação cujo resultado foi anunciado ontem envolveu aviões e helicópteros do Exército e dos Fuzileiros Navais. O alvo foi uma área desértica na região oeste do Iraque, ao norte do rio Eufrates, conhecida rota de terroristas vindos do exterior. Na mesma região, dois marines foram mortos anteontem e um terceiro ontem.
Ainda no oeste do país, um civil japonês foi seqüestrado após sua comitiva -um grupo de cinco prestadores de serviços estrangeiros escoltado por 12 soldados iraquianos- ter sido emboscada.
O grupo terrorista Ansar al Sunna disse ter capturado Akihito Saito, 44, e divulgou uma cópia de seu passaporte na internet. Segundo o comunicado, os demais membros da comitiva foram mortos, e Saito foi "gravemente ferido". O governo japonês confirmou o seqüestro. Um dos documentos de Saito o identifica como gerente de segurança de uma empresa sediada em Londres, a Hart GMSSCO. O diretor da firma, Simon Falkner, confirmou que uma de suas equipes sofreu uma emboscada no domingo.
Segundo o governo japonês, que montou um grupo no Ministério do Exterior para lidar com o seqüestro, isso não afetará as atividades das tropas japonesas em missão humanitária no Iraque.
Seis corpos foram encontrados ontem na região, próxima ao povoado de Markab al Tair, mas não se sabe se o incidente guarda relação com o seqüestro. Um coronel iraquiano identificou um dos corpos como pertencente a um policial de fronteira, e os demais como parentes do guarda.
Um carro-bomba explodiu em uma barreira policial em um cruzamento em Bagdá, matando três pessoas -incluindo um civil- e ferindo oito.
No sul da capital, uma explosão atingiu uma patrulha policial e deixou dois mortos. Um terceiro ataque perto do Ministério dos Transportes feriu quatro pessoas.


Com agências internacionais

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