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Blair anuncia hoje quando sai do poder
É o início do fim do mandato do premiê, no poder desde 1997; Gordon Brown deve ser o futuro líder trabalhista e premiê
Atual ministro das Finanças, que não tem opositor de peso dentro do Partido Trabalhista, deve tomar posse no início de julho
DA REDAÇÃO
O premiê britânico Tony
Blair deve anunciar hoje a data
em que pretende renunciar à liderança do Partido Trabalhista. Depois de meses de especulação, o anúncio marca a contagem regressiva para sua saída
do poder, após dez anos. No
Reino Unido, o primeiro-ministro é o líder do maior partido
da Câmara dos Comuns. Sua
renúncia à liderança dá a largada a um período de sete semanas em que os trabalhistas terão que escolher o novo líder, a
ser anunciado em 30 de junho.
Gordon Brown, atual ministro das Finanças, deve vencer
facilmente a disputa interna e
se tornar o novo primeiro-ministro no início de julho.
Há dez anos no comando da
economia, o escocês Brown, 56,
é o ministro mais longevo do
Reino Unido nos últimos 160
anos. Considerado o cérebro do
Novo Trabalhismo, Brown
sempre foi considerado o sucessor natural de Blair e esperava que o atual premiê lhe passasse o cargo em 2005, ao completar seu segundo mandato.
Quando Blair tentou (e venceu) sua terceira eleição, as disputas de poder entre os dois aumentaram. As brigas entre os
dois mereceram páginas e mais
páginas na imprensa britânica,
assim como o caráter centralizador e briguento de Brown.
Governo "morto-vivo"
No final do ano passado, aumentaram as pressões para que
Blair anunciasse sua retirada.
Em setembro, Blair disse no
congresso anual do partido que
seria o seu último como líder.
Há meses ele adia a despedida.
O líder da oposição conservadora, David Cameron, acusou
ontem Blair de "não entender
que o seu tempo acabou". "Ficaremos mais sete semanas
com o governo dos mortos-vivos", ironizou.
Quando Blair foi eleito aos 43
anos, em 1997, ele era o mais jovem primeiro-ministro do Reino Unido no século 20. Sob seu
comando, o partido esquerdista foi para o centro, aderiu a
muitos preceitos de Margaret
Thatcher, antecessora de Blair,
e ganhou, pela primeira vez,
três eleições consecutivas.
Em dez anos de trabalhismo
no poder, a economia britânica
cresceu mais do que a média
dos países da União Européia
que adotaram o euro como
moeda (Brown foi um dos defensores da manutenção da libra esterlina).
Além do crescimento econômico, o desemprego de 5,5% é o
menor entre as cinco maiores
economias européias. Ele também conseguiu pôr fim à violência na Irlanda do Norte.
Vários escândalos de corrupção e de financiamento ilegal
de campanha, porém, começaram a derrubar sua aprovação.
Desde que passou a apoiar incondicionalmente o presidente
americano George W. Bush e
participou da invasão do Iraque, sua popularidade jamais
passou do teto de 50%. Desde
2005, está abaixo de 40%.
Brown também apoiou a invasão do Iraque e não é tão anti-Bush quanto a esquerda do
Partido Trabalhista gostaria.
Mas especula-se que ele queira
acelerar um prazo para a retirada das tropas do Iraque, como
os democratas nos Estados
Unidos.
Fim da carreira
Em um gesto simbólico, o
anúncio de sua renúncia à liderança do partido será feito por
Blair em Sedgefield, distrito pelo qual foi eleito deputado. Não
se sabe se ele endossará a candidatura de Brown.
Nas próximas semanas, Blair
deve priorizar a defesa de seu
legado. Vai acompanhar o início do governo compartilhado
entre protestantes e católicos
na Irlanda do Norte, que assumiu anteontem.
Em junho, aproveitará a cúpula do G-8 em Heiligendamm,
na Alemanha, para pressionar
os demais países desenvolvidos
a assinarem acordos contra o
aquecimento global e de ajuda
financeira aos países pobres.
Já como ex-premiê, Blair deve criar uma fundação para
promover o diálogo entre as religiões, nos moldes da fundação
do ex-presidente americano
Bill Clinton.
Com agências internacionais
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