São Paulo, terça-feira, 10 de maio de 2011

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Agência aponta risco de calote na Grécia

Com possibilidade de reestruturação da dívida grega, S&P rebaixa nota de risco do país em dois graus, para B

Ministério das Finanças grego diz que agência de classificação de risco tomou decisão com base em informações irreais


DO "FINANCIAL TIMES"

A crescente probabilidade de que Atenas solicite uma reestruturação voluntária de suas dívidas aos credores do país seria o equivalente a um calote, alertou a agência de classificação de crédito Standard & Poor's ontem, antes de rebaixar em dois graus a nota de risco da dívida grega.
A agência afirmou que as exigências de países como a Alemanha de que a Grécia adie o vencimento dos empréstimos de resgate recebidos pelo país provavelmente resultariam em exigências semelhantes para os credores privados. "Dividir o fardo com o setor privado dessa maneira provavelmente constituiria uma transação forçada [...] à qual atribuiríamos a classificação de calote seletivo", afirmou a S&P.
O rebaixamento dos papéis gregos à classificação "B", o que os leva ao sexto grau da escala de "junk bonds" -aqueles de maior risco, que são alvo de especuladores-, surgiu depois que políticos europeus reconheceram publicamente que os 110 bilhões do pacote de resgate à Grécia eram insuficientes e que mais assistência seria necessária.
A nota de risco da Grécia foi reduzida de "BB-" para "B", o que deixa o país com a pior nota entre os países europeus, junto com Belarus. Com este quarto rebaixamento, a Grécia passa a ter uma classificação de risco pior que a de países africanos, como Nigéria, Uganda e Quênia, todos classificados como "B+", um grau acima da Grécia.
"Na nossa visão, há grande risco de que a Grécia vai tomar ação para reestruturar os termos de sua dívida comercial", disse a S&P em comunicado. Diante do rebaixamento, o governo grego reagiu com críticas à agência de classificação de risco, argumentando que a S&P se baseou em informações e decisões irreais.
"As decisões das agências devem se basear em dados, decisões e avaliações reais sobre o estado verdadeiro da economia", disse o Ministério das Finanças da Grécia, em um comunicado.

NOVO AJUSTE
Jean-Claude Trichet, presidente do Banco Central Europeu, declarou ontem que nada tinha a "acrescentar ou retirar" à declaração feita pelo presidente do grupo da zona do euro realizada no final de semana, segundo a qual a Grécia precisará de "um novo programa de ajuste".
Mas o BCE se opõe vigorosamente a uma reestruturação de dívidas e não considera que adiar os vencimentos dos títulos de dívida -uma medida que alguns políticos estão definindo como reformulação do perfil da dívida- seja factível ou efetivo.
Os investidores estão confusos quanto aos termos que as autoridades econômicas vêm utilizando para descrever a reestruturação.
Os ministros da zona do euro no final de semana excluíram a possibilidade de uma reestruturação. Mas autoridades alemãs e gregas declararam que há planos para uma "reestruturação voluntária". A medida garantiria que os credores sejam pagos, mas em data posterior à prevista, e para a S&P isso equivale a um calote seletivo.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

Com agências de notícias



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