São Paulo, terça-feira, 10 de maio de 2011

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ANÁLISE

Barack Obama agora precisará assumir a liderança quanto ao deficit americano

CLIVE CROOK
DO "FINANCIAL TIMES"

A alta no índice geral de desemprego não era o final que Barack Obama teria escolhido na semana passada. O espetacular triunfo da localização e morte de Osama bin Laden melhorou sua posição nas pesquisas e levou os analistas a calcular de que maneira ele poderia usar o acontecimento para tomar a iniciativa em Washington.
Passados alguns dias, os sinais contraditórios quanto ao mercado de trabalho enviaram um sinal quanto ao que é mais importante para os americanos até a eleição de 2012. E continua a ser a economia, sr. presidente.
As amargas disputas sobre a política fiscal retardaram a aprovação de uma elevação no limite de dívidas do governo federal, o que gerou a possibilidade de calote, uma espantosa irresponsabilidade para uma economia tão profundamente endividada. O Tesouro agora calcula que o limite para a dívida federal seja atingido em 2 de agosto.
Grandes aumentos de impostos e/ou severos cortes de gastos públicos são inevitáveis, presumindo que um novo revés financeiro não cause um colapso da recuperação antes que isso aconteça. O presidente pode desempenhar um papel vital quanto a isso. A operação contra Bin Laden lhe propiciou novo capital político, ainda que talvez não por muito tempo.
Obama deveria empregá-lo para se impor, deixar de lado o Congresso e apelar ao eleitorado, propondo escolhas frias e claras quanto à redução da captação federal no longo prazo, o que permitiria abrir espaço para uma renovação dos estímulos de curto prazo, caso se provem necessários. Liderança é isso.
Seria arriscado politicamente intervir decididamente nessa disputa. Pouca gente aposta que Obama o fará, apesar de Abbottabad. Não é que ele não seja capaz, mas que, por algum motivo, ele parece não querer fazê-lo.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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