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São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 2003

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AMEAÇA

Comunicado público é inédito

Coréia do Norte admite ter ambições nucleares

DA REDAÇÃO

Na primeira declaração pública sobre suas ambições nucleares, a Coréia do Norte ameaçou desenvolver um arsenal nuclear para deter o que qualificou de "hostilidade dos EUA" e para reduzir sua dependência de armas convencionais de forma a poder investir mais recursos na economia e na qualidade de vida da população.
Em encontros fechados com os EUA, a Coréia do Norte já admitira possuir bombas nucleares, mas foi a primeira vez que o Estado comunista anunciou publicamente sua intenção. "Se os EUA continuarem a ameaçar a República Democrática Popular da Coréia com armas nucleares e não abandonarem sua política hostil em relação a Pyongyang [capital], não teremos outra opção a não ser construir uma capacidade nuclear para detê-los", disse comunicado da agência oficial, KCNA.
"A intenção de desenvolver um arsenal nuclear não tem como objetivo ameaçar outros, mas reduzir nossas forças convencionais a longo prazo e concentrar recursos humanos e econômicos na economia e na melhoria de vida da população", disse a nota oficial.
Em Washington, o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleisher, comentou: "A maior ameaça à segurança da população da Coréia do Norte vem do próprio governo, que mata seus habitantes de fome".
As tensões entre os EUA e a Coréia do Norte vêm aumentando desde o ano passado, quando Washington acusou Pyongyang de possuir um programa nuclear clandestino e suspendeu o fornecimento de combustível ao país.
A Coréia do Norte reagiu reabrindo seu reator nuclear, sob o argumento de que necessitava produzir energia. Expulsou os inspetores nucleares da ONU do país e abandonou o Tratado de Não-Proliferação Nuclear.
Em abril, o país admitiu possuir armas nucleares, em reunião fechada com os EUA com a presença da China. Exigiu que os EUA assinassem um tratado de não-agressão mútua com Pyongyang para abrir mão delas.
Segundo alguns analistas, a Coréia do Norte está elevando o tom de suas ameaças para forçar Washinton a aceitar negociações bilaterais. O governo Bush disse que só aceita negociar com a participação de outros países da região.
Ontem, o vice-secretário de Estado dos EUA, Richard Armitage, disse que, dentro de um ou dois meses, deverá ocorrer uma reunião entre os dois países com as presenças da Coréia do Sul, da China e do Japão.


Com agências internacionais


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