|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ONG russa afirma ter encontrado células de tortura na Tchetchênia
Segundo grupo de direitos humanos, centenas foram mortos na masmorra
ANDREW OSBORN
DO "INDEPENDENT", EM MOSCOU
Um dos principais grupos
russos de defesa dos direitos
humanos trouxe à tona o que
afirma serem provas documentais da existência de um conjunto secreto de celas de tortura e assassinato sob as ruas da
capital da Tchetchênia, Grozni.
De acordo com o grupo Memorial, a polícia russa utilizou a
masmorra para torturar e matar centenas de pessoas cujos
corpos foram despejados em
pontos diversos da pequena república, de população majoritariamente muçulmana.
As acusações enfraquecem as
declarações do Kremlin de que
a situação na Tchetchênia estaria se normalizando e implicam
as autoridades diretamente no
seqüestro ilegal e execução extrajudicial de civis.
O grupo Memorial afirma
que o local de torturas, situado
no porão de uma antiga escola
para deficientes auditivos no
distrito de Oktyabrskaya, em
Grozni, só deixou de ser utilizado no mês passado, com a retirada da unidade da polícia federal russa que ocupava o prédio.
Sem janelas
As celas da masmorra, sem
janelas e sem circulação de ar,
foram fotografadas e filmadas
pelo Memorial, e a organização
recolheu depoimentos em primeira mão de pessoas que afirmam ter sobrevivido depois de
ser encarceradas no local.
As fotos mostram que as paredes da masmorra são recobertas de pichações de pessoas
detidas no local, revelando seus
nomes e a época em que estiveram detidas.
"Onde estou? O que está
acontecendo comigo? Estou vivo ou não?", é uma das coisas
rabiscadas sobre a parede em
março deste ano. Em outros casos, as frases pichadas proclamam o amor dos prisioneiros
por Alá ou sua ligação com o
fundamentalismo islâmico.
O grupo Memorial diz que
colheu as evidências justo em
tempo, já que, desde então, o
prédio que abrigava o porão foi
demolido, e as pichações foram
apagadas das paredes, numa
tentativa grosseira de acobertamento. O que está claro é que
o porão foi usado para interrogar suspeitos de colaborar com
os rebeldes separatistas que resistem ao governo apoiado por
Moscou na república.
Tradução de CLARA ALLAIN
Texto Anterior: Peru 2: Apuração dá García 52,5% dos votos Próximo Texto: Número de refugiados é o menor desde 1980, diz ONU Índice
|