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Número de refugiados é o menor desde 1980, diz ONU
Relatório mostra, porém, que houve aumento de deslocados em seus próprios países
Segundo comissário, situação ocorre devido a fronteiras mais vigiadas após 11/9; há
2 milhões de refugiados internos na Colômbia
ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO
O número de refugiados no
mundo é o mais baixo desde
1980, segundo relatório do Alto
Comissariado das Nações Unidas para Refugiados divulgado
ontem. São 8,4 milhões de pessoas. Aumentou, no entanto, a
quantidade de deslocados internos -pessoas que são obrigadas a fugir de suas casas por
causa de conflitos armados ou
por outras situações de violência, mas permanecem em seus
próprios países.
No final de 2005, quando os
dados foram recolhidos, eram
6,6 milhões de deslocados internos, 800 mil a mais do que o
registrado em 2004.
A Colômbia é o país que tem
o maior número de pessoas
nessa situação -são 2 milhões,
quase um terço do total de deslocados internos reconhecidos
pela ONU em todo o mundo.
"O aumento de deslocados
internos tem muito a ver com o
endurecimento das fronteiras
depois do 11 de Setembro, que
diminuiu o número de refugiados reconhecidos como tal. Os
trâmites ficaram mais complicados", diz o representante do
Acnur no Brasil, Luis Varese.
"Esse é um problema. Não temos que confundir o refugiado
com o terrorista."
Houve diminuição de deslocados internos na Rússia, na Libéria e nos países balcânicos,
mas "ainda há milhões vivendo
como refugiados dentro de suas
próprias fronteiras", declarou o
alto comissário António Guterres, citando como exemplo a região sudanesa de Darfur, Uganda e a República Democrática
do Congo (ex-Zaire).
O Acnur registrou alta no número de pessoas de interesse
do comissariado, passando de
19,5 milhões para 20,8 milhões
no mundo. Esse número inclui
refugiados, pessoas em busca
de asilo, repatriados, deslocados internos e apátridas, além
dos classificados apenas como
"pessoas de interesse". Mulheres são 49%, e 44% do total tem
menos de 18 anos.
O total de pessoas de interesse, que exclui os demais grupos
de atenção do Acnur e engloba
aqueles que não são refugiados
nem pedem asilo -muitas vezes por medo de perseguição-,
mas que precisam de proteção
internacional, também teve aumento. Eram cerca de 600 mil
no começo do ano passado, mas
o número cresceu 58% e, no fim
de 2005, chegou a 960 mil.
América do Sul
O crescimento ocorreu sobretudo na Venezuela, onde o
número, segundo a ONU, saltou de pouco mais de 26 mil para 200 mil pessoas de interesse.
Além disso, houve a inclusão
do registro de colombianos no
Equador, hoje cerca de 250 mil.
Grandes repatriações -ocorridas em países como Somália,
Afeganistão, Angola e Libéria-
contribuíram para a queda no
total de refugiados. Ao todo, 1,1
milhão de pessoas retornaram
a seus países de origem no ano
passado.
"A repatriação é a solução
duradoura favorita, pois é um
indicador de que o conflito desapareceu ou está em situação
melhor", diz Varese. "A pedra
angular da repatriação é a voluntariedade."
Afeganistão
O Afeganistão é a principal
origem de refugiados registrados pelo Acnur: ainda há 1,9 milhão fora do país, espalhado por
72 outras nações.
Mas quase 7 milhões já retornaram, em um processo que
vem desde o fim do regime Taleban.
Paquistão e Irã ainda são os
países que mais receberam refugiados -no fim de 2005, abrigavam 21% de todos os deslocados do mundo, de acordo com
as Nações Unidas.
Mas ambos experimentaram
queda no número de asilados,
em conseqüência da repatriação, principalmente de afegãos.
No Paquistão, a diminuição foi
de 16%; no Irã, 32% de todos os
refugiados voltaram para casa.
Entre os países de asilo, só
Chade e Quênia tiveram aumento significativo no número
de pessoas recebidas -15,5 mil
e 11 mil, respectivamente.
A maior parte dos refugiados,
64%, ganhou o status como
parte de um grupo ameaçado.
Desses, 80% são africanos.
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