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São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Secretário diz que atentados mudaram ótica americana enquanto Bush afirma que EUA fizeram "a coisa certa"

11 de Setembro causou guerra, diz Rumsfeld

DA REDAÇÃO

O fator decisivo para a invasão do Iraque não foi a descoberta de um arsenal químico, biológico ou nuclear, mas os ataques de 11 de Setembro de 2001, disse o secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, à Comissão de Serviços Armados do Senado.
A declaração foi feita num momento em que crescem as dúvidas sobre a veracidade das provas usadas para justificar a invasão. Anteontem, a Casa Branca admitira que documentos citados pelo presidente George W. Bush para acusar o Iraque de comprar urânio do Níger eram falsificados.
Segundo Rumsfeld, os atentados de 2001 -executados pela rede Al Qaeda, do saudita Osama bin Laden- levaram os EUA a reexaminar informações anteriores sob uma nova ótica: a da necessidade de ataques preventivos.
"A coalizão não agiu contra o Iraque porque descobrira provas novas e drásticas dos objetivos iraquianos. Agimos porque vimos as provas [já existentes] sob uma nova luz, sob o prisma de nossa experiência do 11 de Setembro", declarou à comissão. Ele classificou o trabalho dos serviços de inteligência de "muito bom".
Na África do Sul, Bush rebateu críticas ao uso do documento falso, dizendo não haver dúvida de que os EUA fizeram a coisa certa. Mas evitou falar sobre a falsificação. "Não tenho dúvida de que [o ex-ditador iraquiano] Saddam Hussein era uma ameaça à paz mundial e não tenho dúvida de que os EUA, ao lado de seus aliados e amigos, fizeram a coisa certa ao removê-lo do poder", declarou. "O mundo é um lugar muito mais seguro e pacífico hoje."
O presidente também afirmou ter certeza de que o Iraque possuía um programa de armas de destruição em massa, ainda que elas não tenham sido achadas.
Rumsfeld anunciou ontem que o custo mensal das operações no Iraque entre janeiro e setembro -considerando a média entre os gastos do deslocamento militar, da guerra e do pós-guerra- é de US$ 3,9 bilhões, estimativa superior aos US$ 3 bilhões mensais previstos pelo Congresso.

Retirada e reforço
Rumsfeld também disse que a 3º Divisão de Infantaria começou sua retirada do Iraque e que ela será concluída até setembro, após dez meses no golfo Pérsico. Os EUA pretendiam iniciar a retirada logo após a deposição de Saddam, em abril, mas a onda de violência no país mudou seus planos.
Hoje, segundo Rumsfeld, há 148 mil americanos no Iraque, além de 12 mil britânicos. O Pentágono negocia com 24 países a criação de uma força internacional com até 30 mil homens, a ser destacada até setembro. Ontem, 104 noruegueses chegaram a Basra (sul).
Rumsfeld disse ainda que negocia com a Otan, a aliança militar ocidental, uma maior cooperação no Iraque e que "ficaria feliz em contar com a contribuição de países como a França", um dos principais opositores à guerra.


Com agências internacionais


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