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IRAQUE OCUPADO
Secretário diz que atentados mudaram ótica americana enquanto Bush afirma que EUA fizeram "a coisa certa"
11 de Setembro causou guerra, diz Rumsfeld
DA REDAÇÃO
O fator decisivo para a invasão
do Iraque não foi a descoberta de
um arsenal químico, biológico ou
nuclear, mas os ataques de 11 de
Setembro de 2001, disse o secretário da Defesa dos EUA, Donald
Rumsfeld, à Comissão de Serviços
Armados do Senado.
A declaração foi feita num momento em que crescem as dúvidas
sobre a veracidade das provas
usadas para justificar a invasão.
Anteontem, a Casa Branca admitira que documentos citados pelo
presidente George W. Bush para
acusar o Iraque de comprar urânio do Níger eram falsificados.
Segundo Rumsfeld, os atentados de 2001 -executados pela rede Al Qaeda, do saudita Osama
bin Laden- levaram os EUA a
reexaminar informações anteriores sob uma nova ótica: a da necessidade de ataques preventivos.
"A coalizão não agiu contra o
Iraque porque descobrira provas
novas e drásticas dos objetivos
iraquianos. Agimos porque vimos as provas [já existentes] sob
uma nova luz, sob o prisma de
nossa experiência do 11 de Setembro", declarou à comissão. Ele
classificou o trabalho dos serviços
de inteligência de "muito bom".
Na África do Sul, Bush rebateu
críticas ao uso do documento falso, dizendo não haver dúvida de
que os EUA fizeram a coisa certa.
Mas evitou falar sobre a falsificação. "Não tenho dúvida de que [o
ex-ditador iraquiano] Saddam
Hussein era uma ameaça à paz
mundial e não tenho dúvida de
que os EUA, ao lado de seus aliados e amigos, fizeram a coisa certa
ao removê-lo do poder", declarou. "O mundo é um lugar muito
mais seguro e pacífico hoje."
O presidente também afirmou
ter certeza de que o Iraque possuía um programa de armas de
destruição em massa, ainda que
elas não tenham sido achadas.
Rumsfeld anunciou ontem que
o custo mensal das operações no
Iraque entre janeiro e setembro
-considerando a média entre os
gastos do deslocamento militar,
da guerra e do pós-guerra- é de
US$ 3,9 bilhões, estimativa superior aos US$ 3 bilhões mensais
previstos pelo Congresso.
Retirada e reforço
Rumsfeld também disse que a 3º
Divisão de Infantaria começou
sua retirada do Iraque e que ela
será concluída até setembro, após
dez meses no golfo Pérsico. Os
EUA pretendiam iniciar a retirada
logo após a deposição de Saddam,
em abril, mas a onda de violência
no país mudou seus planos.
Hoje, segundo Rumsfeld, há 148
mil americanos no Iraque, além
de 12 mil britânicos. O Pentágono
negocia com 24 países a criação
de uma força internacional com
até 30 mil homens, a ser destacada
até setembro. Ontem, 104 noruegueses chegaram a Basra (sul).
Rumsfeld disse ainda que negocia com a Otan, a aliança militar
ocidental, uma maior cooperação
no Iraque e que "ficaria feliz em
contar com a contribuição de países como a França", um dos principais opositores à guerra.
Com agências internacionais
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