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São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 2003

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EUROPA

Subsecretário italiano havia chamado os turistas alemães de "loiros hipernacionalistas" que invadem as praias do país

Schröder cancela férias na Itália após insulto

Fernando Proietti - 13.abr.2001/Associated Press
Gerhard Schröder em café de Veneza, na Itália, em abril de 2001


DA REDAÇÃO

As relações entre a Alemanha e a Itália voltaram a sofrer um estremecimento ontem, com o cancelamento, pelo chanceler (premiê) alemão, Gerhard Schröder, de uma viagem de férias que havia planejado à Itália. Ele cancelou sua viagem após o subsecretário de Turismo italiano, Stefano Stefani, ter se recusado a pedir desculpas por ter dito que os alemães são "loiros hipernacionalistas" que invadem as praias italianas.
Segundo um porta-voz do governo, Schröder vai agora passar suas férias de verão em Hanover, sua cidade natal, pelo segundo ano consecutivo.
O premiê italiano, Silvio Berlusconi, que na semana passada gerou um mal-estar diplomático após sugerir a um deputado alemão no Parlamento europeu fazer o papel de nazista em um filme, disse que a decisão de Schröder de cancelar a viagem é "uma pena". "Eu lamento por ele", disse. Berlusconi assumiu na semana passada a Presidência rotativa da União Européia, por seis meses.
As declarações de Stefani, membro da xenófoba Liga Norte, integrante da coalizão que apóia Berlusconi, foram feitas em artigo publicado no jornal do partido, "La Padania", no qual ele também chamava a Alemanha de "um país intoxicado com certezas arrogantes". Vários integrantes do governo italiano procuraram se distanciar das opiniões de Stefani, que teve a renúncia pedida por dois ministros alemães.
"Você deve perguntar se um homem é adequado para esse trabalho, com responsabilidade sobre o turismo, se ele diz que os turistas alemães não são mais necessários", disse o ministro do Interior alemão, Otto Schily. "Ele terá que aceitar o fato de que agora eles talvez irão para Croácia, Espanha ou França. Há muitos lugares bons para férias", afirmou Schily, que tem uma casa na Toscana (Itália). Ele disse que ainda vai decidir se passará suas férias na Itália.
O governo da Província de Pesaro, região para a qual Schröder viajaria, disse que estuda acionar Stefani e o governo italiano na Justiça para pedir um ressarcimento pelas perdas econômicas provocadas pelo caso. No ano passado, mais de 9,2 milhões de alemães visitaram a Itália, o equivalente a cerca de 25% de todos os turistas estrangeiros no país.
"O dano econômico que está sendo causado é enorme", disse Lucio Violante, líder do Partido da Esquerda Democrática (oposição) no Parlamento italiano. Segundo ele, a coalizão de centro-esquerda Oliveira deve apresentar hoje uma moção no Parlamento pedindo a queda de Stefani.

Com agências internacionais

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