São Paulo, terça-feira, 10 de julho de 2007
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Bolsa de dinheiro abre crise na Casa Rosada
Sacola achada em banheiro de ministra argentina alimenta desconfiança do público e leva governo Kirchner a ter de se explicar
RODRIGO RÖTZSCH DE BUENOS AIRES Uma sacola com dinheiro -o equivalente a R$ 120 mil ou R$ 458 mil, conforme a versão- achada no armário do banheiro da ministra da Economia argentina, Felisa Miceli, levou à abertura de uma investigação e a uma crise política a menos de quatro meses para a eleição do sucessor de Néstor Kirchner. Miceli, 54, diz que o dinheiro, encontrado no último dia 5 de junho no banheiro de seu escritório em uma perícia de rotina da Polícia Federal, seria usado para uma operação imobiliária. Ela admitiu em entrevista a jornais argentinos ter cometido um "erro", mas não um delito. O governo, oficialmente, se deu por satisfeito com a explicação. O chefe-de-gabinete de Kirchner, Alberto Fernández, disse que a ministra está "totalmente confirmada no cargo" e que "não há possibilidade de que ela possa ser acusada de um delito". Nos bastidores, porém, estuda-se a opção que traria menos danos eleitorais: manter Miceli ou demiti-la. A oposição não se convenceu das explicações e vai insistir que a ministra deponha à Justiça. Além de contradições entre o que disse Miceli a jornais na última sexta e a resposta inicial de seu porta-voz, o valor do dinheiro encontrado gera dúvidas: o jornalista que revelou o caso diz que o montante era de US$ 241 mil, enquanto o valor que a ministra admite era de 100 mil pesos e US$ 31 mil. Além do inconveniente de ser investigada como ministra da Economia, área onde o governo Kirchner pode se vangloriar de sua atuação pelo crescimento médio anual de mais de 8%, Miceli causou desconforto ao atribuir a publicação das denúncias contra ela a uma "disputa interna" do governo. Pesquisa publicada domingo pelo jornal "Perfil", o que revelou há dois domingos o encontro da bolsa de dinheiro, mostra que 63% da população não acreditou na sua justificativa. Mesmo assim, o caso parece não ter afetado a candidatura da primeira-dama, Cristina Fernández de Kirchner, que subiu nas pesquisas na semana seguinte a seu lançamento -na do consultor Enrique Zuleta Puceiro, foi de 46% a 49%. Ontem, no ato em comemoração à Independência argentina, em San Miguel de Tucumán, com Miceli presente, Kirchner aparentemente se referiu ao caso quando disse que a oposição faria uma "campanha suja" para derrotar Cristina. Miceli se tornou ministra em 2005, ao substituir Roberto Lavagna, hoje presidenciável. Texto Anterior: Israel: Segundo ONU, 50 mil ficarão "aprisionados" devido a muro Próximo Texto: Capital vê neve pela primeira vez em 89 anos Índice |
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