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Capital vê neve
pela primeira
vez em 89 anos
DE BUENOS AIRES
Não bastassem as denúncias contra integrantes de
seu governo, a crise energética também é motivo de preocupação para o governo
Kirchner neste ano eleitoral.
E o principal vilão apontado
pelos kirchneristas para se
defenderem da acusação de
que fizeram poucos investimentos no setor é o fato de
que o inverno deste ano tem
sido especialmente rigoroso.
Ontem, o clima deu mais
uma mostra de que não ajudará a amenizar a crise: com
temperaturas que chegaram
a até 0C, voltou a nevar em
Buenos Aires depois de 89
anos. A última vez em que
nevou na capital fora em 22
de junho de 1918.
Como ontem era feriado
na Argentina -Dia da Independência-, o frio não resultou em novos cortes de energia na indústria, como os que
vêm ocorrendo com regularidade nas últimas semanas.
Mas o governo lançou um
alerta à população para que
fosse "cuidadosa com o consumo de energia" -os meteorologistas prevêem que a
onda de frio continue por toda a semana, o que pode trazer de volta já hoje os problemas de abastecimento energético.
O frio não se restringiu à
capital. Bariloche registrou
22C negativos. No país, três
pessoas morreram de hipotermia: um homem de 60
anos em Rosário (300 km ao
norte), outro nas ruas de
Buenos Aires, onde dormia, e
um terceiro em Córdoba
(700 km ao norte).
O Serviço Meteorológico
Nacional diz que tinha previsto o fenômeno, mas não o
anunciou, de tão insólito que
era. Assim, inesperadamente
para a maioria das pessoas, a
neve começou no início da
tarde como uma "água-neve"
(uma neve que derrete assim
que toca o piso), mas foi se
tornando mais volumosa ao
longo do dia e em alguns momentos se manifestou em
forma de flocos.
Na Grande Buenos Aires,
nevou com ainda mais intensidade do que na capital. Em
Ezeiza e Lomas de Zamora,
as ruas se cobriram de branco como só costuma ocorrer
no interior do país -que ontem também não foi exceção
no "9 de Julho pintado de
branco", como chamou a imprensa local.
Para hoje, não está prevista mais neve na capital.
(RR)
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