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GUERRA AO CIGARRO
O prefeito Michael Bloomberg faz lobby para aprovar lei municipal mais dura contra o tabaco
NY quer banir fumo em bar e restaurante
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, afirmou ontem que pretende conseguir com que o cigarro seja proibido em todos os bares e restaurantes da cidade.
O anúncio foi o terceiro golpe seguido numa semana especialmente ruim para a indústria norte-americana do tabaco.
Segundo a legislação municipal atualmente em vigor, que é de 1995, somente restaurantes com menos de 35 lugares permitem o consumo de cigarro em seu interior, o que engloba cerca de 13 mil
lugares. A lei libera ainda o consumo em bares de restaurantes e em
bares que não sirvam refeições.
Com a proposta de lei de
Bloomberg, a ser apreciada na semana que vem pela Câmara Municipal, a distinção acaba. Seus assessores afirmaram que há dias
ele vem fazendo lobby com os representantes municipais.
"Se fosse um funcionário de um
bar onde é permitido fumar, em
oito horas de trabalho você teria
inalado o equivalente à fumaça de
meio maço de cigarros", disse o
prefeito ontem em entrevista.
"Por que nos preocupamos tanto com o nível de amianto no ar e
não damos a mínima para o de fumaça?", questionou.
Bloomberg aproveita a maré
positiva gerada pela vitória na
queda-de-braço que vinha mantendo com a Associação Estadual
de Restaurantes de Nova York,
que era uma das últimas opositoras à proibição. A entidade capitulou depois de concluir pesquisa
em que 76% de seus associados se
dizem a favor da medida.
"Somos contra o endurecimento da atual lei, já bastante dura,
mas vamos examinar a nova proposta de lei com cuidado", desconversou Charles Hunt, da associação, que se vale de outro estudo
para mudar de opinião.
Segundo apurou o Grupo de
Pesquisas de Interesse Público de
Nova York e o Instituto do Câncer
de Roswell Park, o fato de um restaurante não permitir que se fume
em seu interior não afeta seu faturamento total.
Uma lei parecida com a proposta de Bloomberg foi aprovada pela Assembléia Estadual de Nova
York no começo do ano, mas não
chegou a entrar na pauta de votação do Senado do Estado, por
pressão do governador George
Pataki, que achou "radicalismo"
incluir bares e pequenos restaurantes na medida antitabagista.
Atualmente, 394 cidades norte-americanas contam com algum
tipo de lei que dificulta o consumo de cigarro em restaurantes, 89
delas abrangendo também os bares. Entre 50 Estados, Califórnia e
Delaware têm legislação específica para bares e restaurantes; Maine, Utah e Vermont, apenas para
os restaurantes.
Outros golpes
Anteontem, o governo municipal já havia divulgado que as vendas de cigarro na cidade caíram
quase 50% em julho, primeiro
mês em que os novos impostos
sobre o tabaco entraram em vigor, passando de US$ 0,08 por
maço para US$ 1,50.
Hoje em dia, o nova-iorquino é
o que paga mais pelo hábito de fumar, com preços variando de US$
5 a US$ 7,5 (cerca de R$ 15 a R$
23) por maço, dependendo da
marca. O novo imposto também
foi uma proposta vitoriosa de
Bloomberg.
Ainda no começo da semana, a
Suprema Corte da Califórnia definiu que os consumidores daquele
Estado podem processar a indústria do tabaco local por fraude e
negligência. A decisão foi baseada
em evidências de comportamento impróprio por parte dos fabricantes de cigarros.
Atualmente, há na Califórnia 65
casos envolvendo ex-fumantes e
seus familiares contra a indústria
de cigarros. Segundo representantes dos fabricantes, a vitória
dos autores em apenas três desses
casos pode significar um desembolso de mais de US$ 153 milhões
em indenizações.
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