São Paulo, terça-feira, 10 de agosto de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Polônia, um dos principais aliados dos americanos, decide deixar o comando na região conflagrada

Violência faz poloneses saírem de Najaf

Akram Saleh/Reuters
Milicianos ligados ao clérigo Moqtada al Sadr disparam durante choque com os EUA em Najaf


DA REDAÇÃO

O comando militar americano no Iraque sofreu mais um revés ontem, quando as forças polonesas deixaram a coordenação da segurança em duas das Províncias mais tensas do país apenas dez dias após recebê-la. Com isso, as tropas dos EUA, já sobrecarregadas, tiveram de assumir também o controle de Najaf, principal foco de insurgência xiita, e Qadisiyah.
Segundo o coronel Artur Domanski, um dos porta-vozes das tropas polonesas, o pedido para deixar o comando foi feito porque o mandado polonês no Iraque impede soldados do país de participar de combates ofensivos. "Só podemos conduzir operações de estabilidade e segurança", disse.
Os fuzileiros navais americanos controlavam a área de Najaf desde abril, quando um novo governo assumiu na Espanha e retirou do Iraque os 1.300 soldados que o governo anterior havia enviado. No último dia 31, a coordenação havia sido repassada aos poloneses, que já comandavam outras forças na região centro-sul. "A situação em Najaf acabou se revelando complicada", disse o major polonês Krzysztof Plazuk.
Desde a semana passada, as forças de coalizão retomaram os confrontos quase diários com os membros da milícia do clérigo radical xiita Moqtada al Sadr, o Exército Mehdi. Os embates, que segundo os EUA deixaram mais de 350 insurgentes mortos, puseram fim a dois meses de trégua na região, reacendendo um antigo foco de tensão no país.
A Polônia mantém 2.400 homens no Iraque -o terceiro maior contingente, atrás apenas dos EUA (138 mil) e do Reino Unido (8.500). Grosso modo, os americanos são responsáveis por Bagdá e pelo norte, e os britânicos, pelo sul. Com a reconfiguração, os poloneses seguem responsáveis por apenas três Províncias: Babil, Karbala and Wasit.
No auge, a força liderada pela Polônia chegou a ter 9.500 soldados de 23 países. Hoje, com a retirada da Espanha e de outros países com contingentes menores, como El Salvador e República Dominicana, são 6.200 de 16 países.
Em Washington, o presidente George W. Bush recebeu o premiê polonês, Marek Belka, a quem disse que os poloneses "têm sido grandes aliados no Iraque" e se comportado "brilhantemente".
Confrontado com pesquisas de opinião pública indicando que a maioria da população quer que o país retire seus soldados do Iraque, Belka disse que "ninguém quer ficar no Iraque para sempre". Mas o premiê evitou falar em redução de contingente ou retirada -em outras ocasiões, o governo chegou a afirmar que gostaria de reduzir seu contingente no Iraque para 1.500 ou mil homens em 2005, delegando mais responsabilidades às incipientes forças iraquianas.

Carro-bomba
A violência seguiu no norte do país, em Balad Ruz, onde um carro-bomba explodiu em frente à casa do vice-governador da Província de Diala, Akil Hamed. Segundo fontes da agência de notícias Reuters na polícia local, pelo menos sete pessoas morreram e 17 foram feridas, inclusive Hamed. Todos os mortos eram policiais iraquianos, alvo freqüente da insurgência.
O Irã confirmou que um de seus diplomatas foi seqüestrado no Iraque no fim de semana, dando continuidade a uma onda de captura de estrangeiros por insurgentes que assola o país desde abril. Segundo o chanceler Kamal Kharrazi, o diplomata Faridoun Jihani está bem e sua libertação está sendo negociada. Os captores, que anunciaram o seqüestro anteontem, não fizeram nenhuma demanda pública.
Também ontem, as famílias de dois libaneses e de um sírio seqüestrados neste mês anunciaram sua soltura. Os libaneses, Qasim Murqbawi e Nasir al Jundi, integravam um grupo de quatro caminhoneiros capturados na última semana perto de Ramadi, na tensa Província de Anbar (oeste).

Com agências internacionais

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