São Paulo, Terça-feira, 10 de Agosto de 1999
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RÚSSIA
Presidente nomeia Vladimir Putin primeiro-ministro e lança candidatura do ex-agente da KGB a sua sucessão
Ieltsin troca premiê e indica "herdeiro"

das agências internacionais

O presidente da Rússia, Boris Ieltsin, demitiu ontem todo o seu gabinete e indicou como novo primeiro-ministro o ex-agente da KGB Vladimir Putin.
Ieltsin disse desejar que Putin seja seu herdeiro na Presidência. É a primeira vez que o presidente, impedido por lei de concorrer à reeleição em julho do ano que vem, indica com clareza quem deseja ter como sucessor.
Putin, 46, é o quinto nome a ocupar a chefia do governo russo em 17 meses. Depois de demitir Serguei Stepashin do cargo de premiê, Ieltsin, 68, disse que Putin é capaz de ""garantir a continuidade das reformas".
Antes de Putin, chefiaram o governo Stepashin (desde maio), Ievguêni Primakov, Serguei Kirienko e Viktor Tchernomirdin.
Putin apontou as supostas razões para a demissão de Stepashin. "A decisão está ligada ao desejo do presidente de mudar a configuração política no país no período que antecede as eleições da Duma e presidenciais, e também em conexão com a situação no Cáucaso", disse ele.
No Daguestão (sul do país), há choques entre tropas russas e separatistas islâmicos. Naquela região, a Rússia enfrentou o movimento separatista da Tchetchênia, numa guerra civil (94-96) encerrada por num acordo de paz que, embora não concedeu independência à região, significou o fim da influência administrativa russa em solo tchetcheno.
No dia 19 de dezembro, ocorrem eleições parlamentares que servirão de termômetro para as presidenciais do ano 2000. Ieltsin acusa Stepashin de fracassar em suas tentativas de montar um bloco eleitoral pró-governo.
Os deputados da Duma (câmara baixa do Parlamento) votam na próxima segunda-feira a indicação de Putin. Se for rejeitado em três votações consecutivas, Ieltsin tem o direito de dissolver a Duma e convocar eleições.
É pouco provável haver rejeição nas três votações, embora a Duma seja dominada pela oposição neocomunista e nacionalista.
Líderes oposicionistas indicaram ser sua prioridade a manutenção do atual processo eleitoral, sem acidentes de percurso.
Pesquisas de opinião indicam que Ieltsin tem a aprovação de cerca de 3% dos entrevistados. Líderes de oposição despontam como favoritos na corrida ao Kremlin.


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