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ANÁLISE
Fracasso lembra Gorbatchov
JAIME SPITZCOVSKY
Editor de Mundo
O Boris Ieltsin de 1999 lembra o
Mikhail Gorbatchov de 91. No começo da década, o pai da perestroika protagonizava a batalha
perdida de tentar salvar a falida
URSS da extinção. Ieltsin, o capitão da ofensiva mortal contra o
império soviético, promove agora
a sua batalha perdida: tentar fazer
o seu sucessor.
Ieltsin, por traços de personalidade, nunca permitiu a ascensão
de um herdeiro. Sempre que um
político ameaçava fazer-lhe sombra, afastava-o. Foi o que fez com
Ievguêni Primakov, demitido do
cargo de premiê quando as pesquisas colocavam-no como o político mais popular da Rússia.
A pressão da opinião pública
ainda conta pouco num país recém-democratizado como a Rússia. Ieltsin, filho político do sistema que destruiu (o soviético), se
embebe numa dose cavalar de autoritarismo e, na tradição dos czares e dos dirigentes comunistas,
governa encastelado no Kremlin.
Ieltsin não se preocupou em
construir um partido político.
Pensou que a ""Família", como é
conhecido o grupo de familiares e
assessores que o cercam, cuidaria
de tudo. Fracassou. Na era pós-Ieltsin, a Rússia talvez se liberte de
cicatrizes deixadas por séculos de
czarismo e de poder soviético.
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