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PERIGO DOMÉSTICO
Segundo estudo, que entrevistou 224 mil, um terço dos adultos possui revólveres, rifles ou espingardas em casa
Crianças com arma no lar são 1,7 mi nos EUA
MARILYN ELIAS
DO "USA TODAY"
Cerca de 1,7 milhão de crianças
americanas convivem em suas casas com armas de fogo carregadas
e destravadas. A constatação é da
maior pesquisa já realizada sobre
armas de fogo guardadas em casa
nos EUA, cujos resultados foram
divulgados na terça-feira no periódico online "Pediatrics"
(www.pediatrics.org).
James Mercy, pesquisador do
Centro de Controle e Prevenção
de Doenças (CDC), e sua colega
Catherine Okoro analisaram as
pesquisas conduzidas com 224
mil adultos pelos departamentos
de Saúde de 50 Estados americanos e do Distrito de Colúmbia no
ano de 2002.
De acordo com o relatório do
CDC, um terço dos adultos possui
revólveres, rifles ou espingardas
em casa. A variação entre os Estados é grande em termos da porcentagem de adultos que guardam armas de fogo em casa e de
quantos adultos que têm crianças
em casa guardam suas armas carregadas e destravadas. Os Estados
que apresentam a maior proporção de adultos com crianças em
casa e que deixam suas armas destravadas e carregadas são o Alabama, Alasca, Arkansas, Idaho,
Wyoming e Montana.
Dezoito Estados têm leis sobre a
maneira correta de guardar armas de modo a limitar o acesso
das crianças a elas, diz Jon Vernick, co-diretor do Centro de Política e Pesquisas com Armas da
Escola de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins, que fica
no Estado de Maryland. No entanto as leis variam de rigidez e
quanto à idade das crianças incluídas em seus dispositivos, afirma o pesquisador.
Vernick explica que não se sabe
muito sobre até que ponto essas
leis realmente são aplicadas. "Elas
são excelentes, e nós precisamos
que mais estados as adotem. Freqüentemente, porém, parece que
as leis só começam a ser respeitadas quando já é tarde demais
-quando uma criança ou adolescente já atirou nela mesma ou
em outra pessoa."
De acordo com Vernick, dois
estudos mostram que as mortes
acidentais provocadas por armas
de fogo e os suicídios entre adolescentes diminuem nos Estados
que possuem essas leis. Outro estudo, esse publicado neste ano,
sugere que adolescentes e crianças apresentam menor probabilidade de atirar neles mesmos ou
em outras pessoas nas casas em
que armas destravadas ou carregadas são guardadas em local separado da munição.
O relatório da "Pediatrics" diz
que, de 1.400 crianças e adolescentes mortos por disparos em
2002, 90% estavam em casa quando isso aconteceu.
"É um problema assustador",
afirma Michael Barnes, que é o
presidente da Campanha Brady
para a Prevenção da Violência
com Armas de Fogo, um grupo
que faz lobby pelas restrições ao
porte de armas.
A pesquisa sobre famílias que
guardam armas em casa pode subestimar o número de crianças
que têm acesso a armas de fogo,
diz Mercy, do CDC, já que a tendência das mulheres é subestimar
a presença de armas em suas casas, conforme demonstram estudos passados. Cerca de 60% dos
participantes na pesquisa eram
mulheres.
Barnes afirma que o número de
pessoas que possuem armas de
fogo diminuiu nos últimos dez
anos porque a população americana é cada vez mais urbana e menos adultos praticam a caça.
Andrew Arulanandam, porta-voz da NRA (National Rifle Association of America, o lobby americano pró-armas de fogo), negou-se a comentar leis específicas, mas
disse que "a triste realidade é que
não se pode impor a responsabilidade por lei". Para Arulanandam,
a educação é a melhor maneira de
reduzir os acidentes com armas
de fogo, e a NRA promove muitos
programas educacionais. "As
crianças são por natureza curiosas e sempre vão procurar objetos
que não devem pegar. Cabe aos
pais garantir que as armas de fogo
sejam guardadas em local seguro."
Tradução de Clara Allain
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