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VENEZUELA
Pacto permite que Parlamento, virtualmente fechado, volte a realizar sessões a partir de outubro
Constituinte e Congresso assinam acordo
das agências internacionais
A Assembléia Constituinte e o
Congresso da Venezuela assinaram ontem acordo para pôr fim
ao conflito entre os dois órgãos.
A constituinte é dominada pelos partidários do presidente Hugo Chávez, que ocupam 123 das
131 cadeiras. A oposição tem
maioria no Congresso.
Segundo o pacto, mediado pela
Igreja Católica, o Congresso poderá voltar a realizar sessões ordinárias a partir de outubro, conforme prevê a Constituição atualmente em vigor.
O Congresso está virtualmente
fechado desde o dia 25, quando a
constituinte assumiu a maior parte de suas funções e proibiu que
os parlamentares realizassem sessões extraordinárias.
Os constituintes se reúnem no
prédio do Congresso. No último
dia 27, a assembléia proibiu a entrada dos parlamentares no prédio. Congressistas precisaram enfrentar a polícia e pular as grades
para tentar se reunir.
Logo após a eleição da constituinte, em 25 de julho, os parlamentares haviam concordado em
suspender sessões marcadas para
agosto e setembro, tradicionais
meses de recesso, para evitar conflito com a assembléia.
O acordo firmado ontem estabelece que os órgãos coexistirão
pacificamente com base no princípio da "auto-regulação". O pacto implica a aceitação pelo Congresso da limitação de suas funções a agenda legislativa definida
em acordo com a Constituinte. Os
parlamentares terão livre livre
acesso à sede do Congresso.
O acordo foi assinado pelo presidente da constituinte, Luis Miquelena e pelos chefes das bancadas dos principais partidos de
oposição: Ação Democrática (social-democrata). Copei (democrata-cristão) e Projeto Venezuela
(conservador).
"Com esse acordo nós continuaremos o combate cívico pelo
direito universal segundo o qual o
Congresso da República é autônomo. Sem autonomia, não há
democracia para conseguir as
mudanças de que a Venezuela necessita", afirmou o líder da bancada do Copei, César Pérez Díaz.
A redação de uma nova Constituição é o principal projeto político do presidente, que afirma conduzir uma "revolução pacífica",
reestruturando os Poderes, que
segundo ele, estão comprometidos pela corrupção.
Seus opositores o acusam de
pretender concentrar poderes e
de ameaçar a democracia.
Mesmo que volte a realizar sessões, o atual Congresso deve ter
vida curta. Chávez quer que a nova Constituição esteja pronta em
novembro, para que seja submetida a aprovação em referendo.
Depois disso, seriam convocadas eleições em dezembro, para
"relegitimar" todos os Poderes.
Ontem, manifestação organizada pela Ação Democrática, reuniu
20 mil pessoas em Caracas. Os
manifestantes tentam impedir
que a constituinte intervenha nos
governos estaduais e municipais.
No país, há 23 governos estaduais e 330 prefeituras, a maioria
dominada por partidos que fazem oposição a Chávez.
A Assembléia Constituinte decretou os Poderes em "emergência" e anunciou que poderia destituir governadores e prefeitos acusados de corrupção.
Ontem, a presidente do Conselho Judiciário, Norma Tuozzo, renunciou, em protesto contra decisão da Constituinte de suspender
dois juízes que revogaram ordem
de prisão de ex-banqueiros.
Segundo ela, a decisão é ilegal
porque não foi respeitado o direito à defesa.
Há duas semanas, a presidente
da Suprema Corte, Cecilia Sosa,
renunciou em protesto contra a
interferência da Constituinte no
órgão.
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