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Ataque ao Iraque pode afundar coalizão
DA REDAÇÃO
Analistas árabes consideram
que a coalizão militar liderada pelos EUA será despedaçada se houver uma ofensiva ao Iraque.
Washington afirmou anteontem que poderia visar outros países e organizações em sua chamada guerra contra o terror. Há rumores de que o país do ditador
Saddam Hussein poderia entrar
na mira da Casa Branca.
Especialistas afirmam que uma
ofensiva americana contra o território iraquiano ultrajaria os árabes e colocaria em uma situação
delicada seus governos aliados no
golfo Pérsico, que temem ser vistos por suas respectivas populações como títeres do presidente
George W. Bush. A expansão das
operações militares na região poderia fomentar a percepção de
que se empreende uma guerra
contra o islamismo e colocar a população contra os governo.
"Um ataque ao Iraque criaria
instabilidade na região toda", disse o omani Seif Maskari, ex-secretário-geral-assistente do Conselho de Cooperação do Golfo.
"Enquanto o Afeganistão permanecer como o alvo, haverá algum tipo de consenso", disse um
diplomata. "Se os planos de guerra se ampliarem, os sauditas terão
grandes problemas." O governo
do berço do islã, a Arábia Saudita,
está preocupado com a consequência que a morte de muçulmanos traria.
"A opinião pública árabe não
aceitará a ampliação dos ataques a
países árabes sem que haja provas
tangíveis de seu envolvimento
[nos atentados de 11 de setembro"", afirmou Jamal al Suwaidi,
do Centro dos Emirados para
Pesquisa e Estudos Estratégicos.
"Já há protestos no Egito e em
outras partes. Serão ainda mais
violentos se o Iraque for atacado",
disse Hussein Amin, ex-embaixador egípcio na Argélia.
Desforra cara
"Poderemos descobrir que nossa autodefesa requer mais ações
quanto a outras organizações e
Estados", escreveu, em seu comunicado ao Conselho de Segurança
da ONU, o embaixador americano John Negroponte.
A insinuação de que a operação
"Liberdade Duradoura" poderá
se voltar contra mais países incomodou o secretário-geral da
ONU, Kofi Annan. "A frase que
causou apreensão entre os membros, sobre a qual eu também pedi
mais detalhes, foi a questão de
que eles poderão considerar necessário visar outros grupos e países", disse.
Chanceleres de alguns dos 56
países que integram a Organização da Conferência Islâmica
(OCI), entidade que iniciou ontem debates para uma posição
unificada quanto à ação militar
dos EUA, também manifestaram
inquietação e disseram que uma
missão irá a Washington para dissuadir Bush de ações contra outros países além do Afeganistão.
Segundo diplomatas e agentes
de inteligência, não há provas de
que o Iraque esteja envolvido nos
atentados. A falta de indícios mais
fortes faz a ala mais moderada do
governo dos EUA tentar atenuar o
impacto de tais declarações.
O secretário de Estado dos EUA,
Colin Powell, insiste em que as
afirmações mostram somente
que todas as possibilidades são
consideradas -não seriam uma
intenção. Outros altos funcionários, como Paul Wolfowitz, subsecretário da Defesa, porém, não escondem que querem aproveitar a
crise para se livrar de Saddam.
Com agências internacionais
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