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FRONT INTERNO
"Estamos numa situação excepcional", diz o presidente, irritado com vazamentos
Bush restringe acesso do Congresso a informações
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
Alegando a necessidade de proteger os militares americanos e dizendo-se irritado com parlamentares que teriam vazado dados secretos para a imprensa, o presidente dos EUA, George W. Bush,
decidiu restringir ainda mais o
número de pessoas que recebem
do governo informações sobre as
operações militares.
"A vida de nossos militares está
em jogo", disse ontem Bush, ao
justificar sua decisão de limitar a
um grupo restrito de parlamentares os relatos regulares sobre o andamento da ofensiva militar e das
investigações sobre a autoria dos
atentados terroristas de setembro.
Tomada na sexta-feira, a decisão de Bush irritou profundamente setores do Congresso americano que apóiam Bush e que se
sentem cada vez mais alijados de
um processo sobre o qual acreditavam ter o poder constitucional
de interferir. "Essa decisão causou
enorme preocupação dentro do
Congresso", disse o senador republicano John McCain, que perdeu
para Bush, no ano passado, a indicação republicana para disputar a
última eleição presidencial. "Sentimos que devemos ser informados, e a lei nos autoriza acesso a
essas informações."
Bush justificou ontem sua decisão durante audiência com o
chanceler (premiê) da Alemanha,
Gerhard Schröder. "Sei que causei incômodo no Congresso, mas
os parlamentares devem entender
que estamos numa situação excepcional e não podemos deixar
vazar informações que coloquem
nossos militares em perigo"
Também ontem, o presidente
notificou formalmente o Congresso americano que enviou, à
Ásia Central, tropas para eventual
uso em operações terrestres no
Afeganistão.
No entanto Bush negou-se a dizer se a decisão pressupõe que os
EUA irão promover um ataque
por terra. "Não vou responder
porque iria beneficiar nosso inimigo", disse o presidente. "Não
falo sobre nosso planos militares
para o futuro." O secretário da
Defesa, Donald Rumsfeld, também se negou a comentar a possibilidade de ataques terrestres
contra o país. Indagados, seus assessores dizem que a decisão ainda não está acertada e que o pedido feito ontem ao Congresso é
apenas preventivo.
No entanto cresce a sensação de
que, para capturar o terrorista
saudita Osama bin Laden, principal acusado dos ataques terroristas aos EUA em setembro, será
necessário o envio de forças especiais e tropas terrestres regulares.
Restrições
Bush ficara irritado com o vazamento para a imprensa de informações estratégicas que foram divididas com o Congresso nas últimas semanas.
Uma delas relatou a estratégia
do Pentágono de promover três
ataques noturnos consecutivos de
ataques aéreos aos Afeganistão e
uma pausa posterior, para avaliar
a extensão dos danos.
Outra teria sido o relato, feito
pelo senador Tren Lott, líder da
minoria republicana no Senado,
sobre a ampliação das operações
para outros países. Lott disse ter
ouvido do subsecretário da Defesa, Paul Wolfowitz, que a probabilidade de o Iraque se tornar um
alvo é "provavelmente certa". Segundo Lott, Wolfowitz teria dito:
"A vingança é um prato que se come frio. Vamos esperar, executar
um plano, ir atrás de nosso primeiro alvo, depois do segundo".
A última informação vazada
por membros do Congresso à imprensa informou, na semana passada, que o risco de um novo ataque terrorista nos EUA depois do
início da ofensiva norte-americana foi estimado pelo governo em
100%.
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