São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 2002

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ÁSIA CENTRAL

Pleito legislativo ocorre hoje em meio a temores de caos e violência

Paquistão faz 1ª eleição em 5 anos

PHIL REEVES
DO "THE INDEPENDENT"

O Paquistão vai às urnas pela primeira vez em cinco anos hoje num clima de nervosismo motivado não tanto pela expectativa em torno do resultado -o presidente, general Pervez Musharraf, já assegurou sua permanência no controle geral do país-, mas pelo risco de que a eleição seja acompanhada de caos e violência.
As forças de segurança detiveram ontem três homens que estariam planejando detonar bombas na capital, Islamabad, e na vizinha Rawalpindi, para prejudicar o bom andamento das eleições.
Mais de 60 pessoas já foram mortas neste ano em ataques contra alvos cristãos ou ocidentais, muitos dos quais foram atribuídos a grupos extremistas islâmicos que se opõem ao apoio de Musharraf à ofensiva americana contra o Taleban e a Al Qaeda.
Musharraf, que assumiu o poder num golpe de Estado há três anos, descreveu a eleição como uma transição do governo militar para um civil, mas tomou a precaução de dotar-se do poder de fechar o Parlamento recém-eleito e demitir o premiê a seu bel-prazer, além de conceder a si mesmo mais cinco anos na Presidência.
Membros de grupos de defesa dos direitos humanos no Paquistão afirmam que Musharraf e seus serviços de inteligência fraudaram o pleito com antecedência para garantir a eleição de um governo obediente, tranquilos por saber que queixas vindas dos EUA ou seus aliados serão moderadas, devido ao apoio de Musharraf à sua "guerra ao terror".
Musharraf proibiu a participação no pleito de dois rivais: os ex-premiês Nawaz Sharif (Liga Muçulmana do Paquistão) e Benazir Bhutto (Partido do Povo do Paquistão), acusados de corrupção.
A Comissão Independente de Direitos Humanos do Paquistão acusou o governo de coagir eleitores abertamente para obrigá-los a apoiar candidatos pró-Musharraf. E analistas ocidentais estarão atentos ao desempenho da Mutahidda Majlis-e-Amal, uma aliança de seis grupos que prometem transformar o Paquistão num "verdadeiro Estado islâmico".


Tradução de Clara Allain

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