São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 2002

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Bush caminha para aprovação de uso da força

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

Apesar de a CIA avaliar que o regime de Saddam Hussein só deve usar armas de destruição em massa contra os EUA se for atacado, o Congresso americano caminha para aprovar uma resolução autorizando o presidente George W. Bush a empregar a força contra o Iraque.
O voto na Câmara deverá ocorrer hoje, depois de uma semana de debates emocionados repletos de referências à crise dos mísseis em Cuba, em 1962, e à possibilidade de os mesmos "cogumelos atômicos" de Hiroshima e Nagasaki serem vistos sobre cidades americanas se o Iraque não for atacado.
No Senado, onde a oposição democrata promete usar estratégias regimentais para estender as discussões até a próxima semana, a aprovação também parece certa. A três semanas das eleições parlamentares que poderão mudar a balança do poder no Congresso, líderes democratas no Senado criticam a pressa de Bush em buscar uma autorização legislativa demasiadamente ampla. No entanto, admitem que, mesmo assim, votarão em favor de uma autorização a Bush.
Na segunda-feira, George Tenet, diretor da CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA), alertou o Congresso que Saddam Hussein deverá somente usar armas de destruição em massa contra alvos americanos se sentir-se acuado e concluir que um ataque para destitui-lo é inevitável.
O alerta foi feito em carta enviada ao senador Bob Graham, presidente da Comissão de Inteligência do Senado, cujo teor foi revelado ontem. "Se Saddam concluir que um ataque liderado pelos Estados Unidos já não pode mais ser evitado, provavelmente estaria menos constrangido a não adotar ações terroristas", afirmou.
Tenet citou uma importante fonte do serviço secreto para informar que há uma chance "bastante alta" de Saddam lançar um ataque químico ou biológico como uma "última oportunidade de vingança" contra um eventual bombardeio norte-americano.
A Casa Branca afirmou que não há contradição entre o alerta de Tenet e as pressões de Bush para atacar o Iraque antes que Saddam use ou forneça armas de destruição em massa a terroristas.
"Tenet nunca afirmou que estamos numa situação tranquila", disse o principal porta-voz de Bush, Ari Fleischer.
Fleischer afirmou que a carta da CIA repete posições já expressas por Bush sobre "a possibilidade de que Saddam use armas de destruição em massa para chantagem".

Chirac
Em telefonema, o presidente francês, Jacques Chirac, disse a Bush ser favorável a aumentar os poderes dos inspetores de armas da ONU no Iraque, mas reiterou que não aceita o uso da força militar como resposta automática a uma eventual falta de cooperação iraquiana.


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