São Paulo, terça-feira, 10 de outubro de 2006

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Sucesso do teste nuclear ainda é incerto

DA REDAÇÃO

Cientistas e serviços secretos do mundo ainda não sabem se o teste nuclear da Coréia do Norte foi bem-sucedido, e só podem confirmar se houve mesmo um teste nuclear em mais alguns dias.
A Coréia do Norte expulsou os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica, ligada à ONU, e se retirou do Tratado de Não-Proliferação Nuclear em 2003. Desde então, seu programa nuclear é secreto.
Como o regime comunista norte-coreano raramente permite a entrada de jornalistas estrangeiros e pouquíssimos turistas recebem visto para visitar o país, o que não faltam são especulações.
A explosão aconteceu no nordeste da Coréia do Norte, em uma área montanhosa e desabitada, a cem quilômetros da fronteira com a China, evitando a proximidade com a área militarizada na fronteira com a Coréia do Sul, onde desde a Guerra da Coréia (1950-1953) há tropas norte-americanas.
Um túnel de cerca de 700 metros teria sido escavado sob o monte Mantap, a 64 quilômetros de Kilchu, onde funciona um centro de pesquisas nucleares, criado nos anos 50 com ajuda soviética.
As especulações sobre o sucesso do teste coincidem com os números desencontrados sobre a potência da explosão. Enquanto a França e a Coréia do Sul estimaram a potência em torno de 0,5 quiloton (unidade utilizada para medir a energia liberada na explosão de mil toneladas), o ministro da Defesa russo, Sergei Ivanov, afirmou que as estimativas russas sobre o teste variavam entre 5 e 15 quilotons.
A bomba atômica lançada em Hiroshima em 1945 pelos norte-americanos teve uma potência de 15 quilotons.
O tremor provocado chegou a 3,6 na escala Richter - para os americanos, o tremor foi de 4,2.

Capacidade em dúvida
Muitos analistas acham que a tecnologia nuclear e de mísseis do país não tem a sofisticação necessária para desenvolver as ogivas e os meios para lançá-las.
O tamanho também importa. Bombas redimentares podem ter o tamanho de uma camionete. "Eles podem fazer, colocar em um cargueiro, atirá-la de um avião, mas podem compactá-la e colocá-la em um míssil? Eu acho que não", diz Gordon Chang, autor de um livro sobre a capacidade nuclear da Coréia do Norte.
Especialistas duvidam da capacidade de o governo norte-coreano conseguir desenvolver as ogivas nucleares e de aperfeiçoar um mecanismo para lançá-las que possa ser uma ameaça ao resto do mundo.
A quantidade de plutônio ou de urânio enriquecido à sua disposição para as ogivas é desconhecida. Mas estimativas são de material suficiente para apenas 13 ogivas, muito pouco se comparadas às milhares de ogivas americanas.
Mas, se realmente a explosão nuclear subterrânea foi bem sucedida, já é um passo enorme para o país dominar a tecnologia atômica.
Há suspeitas de que o Paquistão tenha fornecido tecnologia de desenvolvimento de armas nucleares para o país em troca de expertise de desenvolvimento de mísseis nos anos 90.
O país lançou um míssil de longa distância no Pacífico em 1998 e fez testes bem sucedidos com sete mísseis em julho.
Os especialistas concordam que, ao menos que seu programa nuclear seja cancelado à força, o país pode ser capaz de um ataque nuclear em dez anos.


Com agências internacionais


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