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Diretores de empreiteira estão confinados há 16 dias
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Os diretores da Odebrecht
Fernando Bessa e Eduardo Gedeon completaram ontem 16
dias refugiados na residência
oficial do embaixador do Brasil
em Quito. Desde o dia 23 de setembro, um decreto do presidente Rafael Correa proíbe a
saída dos dois do país, além de
ter suspendido seus direitos
constitucionais.
Residente em Lima (Peru),
onde está a sua família, o advogado Gedeon é o diretor jurídico da vice-presidência para a
América Latina e Angola. Já
Bessa mora em Quito, onde
ocupa o cargo de diretor de desenvolvimento de negócios.
"A principal preocupação
tem sido com a integridade das
pessoas no Equador. Não só dos
dois diretores como também os
outros colaboradores, sejam
brasileiros ou equatorianos",
disse à Folha Luiz Antônio
Mameri, vice-presidente para a
América Latina e Angola, citado no decreto de Correa -ele
deixou o país antes da medida.
Segundo Mameri, que tem se
comunicado constantemente
com os dois, eles têm permanecido confinados na residência
da embaixada, localizada numa
área nobre de Quito.
A construtora brasileira não
tentou reverter na Justiça a
proibição para que os dois
saiam do país. Mameri afirmou
que a empresa está na expectativa de que haja uma solução
dentro do decreto regulamentando a suspensão dos quatro
contratos que tem no país.
O novo decreto havia sido
prometido pelo governo equatoriano para ontem, mas não
havia sido promulgado até o fechamento desta edição.
Decisão incomum
A Odebrecht mantém hoje
cerca de 3.800 funcionários diretos, dos quais 30 são brasileiros. A situação trabalhista deles
ainda não foi esclarecida pelo
governo equatoriano.
A decisão de Correa de suspender os direitos constitucionais dos funcionários da Odebrecht é inédita em seu governo, iniciado em janeiro do ano
passado, e foi poucas vezes utilizada na história recente do
Equador, segundo um advogado equatoriano, que falou sob a
condição do anonimato.
Segundo esse advogado, o decreto basicamente proíbe representantes da empresa de
deixar o país, já que Correa não
tem poderes para ordenar a prisão dos funcionários, nem na
Constituição de 1988 nem na
aprovada em referendo no dia
28. "Teoricamente, os dois não
podem ser presos."
Por outro lado, ele explicou
que, por ser um decreto de
emergência baseado na Lei de
Segurança Nacional, não cabe
recurso legal da decisão.
Para o advogado, que comanda um importante escritório
em Quito, a medida é negativa
sobretudo porque atingiu um
assessor jurídico da Odebrecht.
Além de retirar os direitos
constitucionais dos funcionários da Odebrecht, o decreto arrestou os bens da empresa e
militarizou suas instalações,
sob a alegação de que o país está
sob o risco de desabastecimento de energia devido à paralisação da usina de San Francisco.
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