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PRESIDÊNCIA EM DISPUTA
Candidato socialista, que lidera as pesquisas, leva 100 mil a comício no centro de Santiago
Chile encerra a campanha eleitoral
JOÃO BATISTA NATALI
enviado especial a Santiago
A campanha presidencial chilena terminou ontem com um
"showmício" do candidato governista, o socialista Ricardo Lagos,
que reuniu cerca de 100 mil pessoas no centro de Santiago.
Lagos tinha como um ponto de
honra superar o comício feito na
terça no mesmo trecho da avenida Libertador Bernardo O'Higgins, a principal da cidade, pelo
seu principal adversário, o direitista Joaquín Lavín.
E conseguiu. Não havia estimativas independentes, mas os comerciantes da região asseguravam que Lagos atraiu mais gente.
Francisco de la Maza, chefe da
campanha de Lavín, estimou terem comparecido na terça 200 mil
pessoas, cifra que a Polícia Militar
deflacionou para 60 mil.
Também não coincidem os números das pesquisas eleitorais,
que, a partir de hoje, têm divulgação proibida. A última delas, da
Fundação Futura, aponta empate
técnico em 35%. Mas seu valor
científico é comprometido por só
ter ouvido eleitores por telefone.
O parâmetro ainda é dado pela
pesquisa do Cerc (Centro de Estudos da Realidade Contemporânea), publicada terça-feira pelo
diário "El Mercurio", e que dá a
Lagos uma vantagem de sete pontos sobre Lavín (48% a 41%). Mas
faltariam ainda dois pontos para
traduzir essa dianteira na maioria
absoluta, o que dispensaria o socialista de um segundo turno,
marcado para 16 de janeiro.
Os dois principais candidatos
carregam bem mais diferenças
em suas biografias que em suas
plataformas de campanha. Lavín,
46 anos, católico e pai de sete, é
economista pós-graduado em
Chicago e ex-assessor do regime
do general Pinochet (1973-90).
Lagos, 61, é um socialista que
não se opõe às privatizações e à
economia de mercado. Integra,
com o Partido Democrata Cristão, a "Concertación Democrática", do presidente Eduardo Frei.
Apesar de oferecerem receitas
para superar a atual recessão que
não ameacem o modelo de Estado atrofiado, ambos voltaram a
dividir o Chile em duas metades
com forte identidade histórica.
Lavín tenta escapar da pecha de
pinochetista à paisana, mas seus
eleitores são basicamente os mesmos que em 1988 votaram -e
perderam- a favor do prosseguimento do regime militar.
Por sua vez, o eleitorado de Lagos teme, sem razões muito sólidas, que uma vitória de Lavín traga de volta ao Chile um pouco do
"fedor do autoritarismo".
Apesar da polarização, registraram-se apenas sete confrontos
entre cabos eleitorais. O chileno
médio transpira a sucessão presidencial. Ontem à tarde, nos calçadões centrais de Santiago, discutia-se a campanha em rodas de
conhecidos ou nas cafeterias.
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