São Paulo, Sexta-feira, 10 de Dezembro de 1999


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PRESIDÊNCIA EM DISPUTA
Candidato socialista, que lidera as pesquisas, leva 100 mil a comício no centro de Santiago
Chile encerra a campanha eleitoral

JOÃO BATISTA NATALI
enviado especial a Santiago

A campanha presidencial chilena terminou ontem com um "showmício" do candidato governista, o socialista Ricardo Lagos, que reuniu cerca de 100 mil pessoas no centro de Santiago.
Lagos tinha como um ponto de honra superar o comício feito na terça no mesmo trecho da avenida Libertador Bernardo O'Higgins, a principal da cidade, pelo seu principal adversário, o direitista Joaquín Lavín.
E conseguiu. Não havia estimativas independentes, mas os comerciantes da região asseguravam que Lagos atraiu mais gente.
Francisco de la Maza, chefe da campanha de Lavín, estimou terem comparecido na terça 200 mil pessoas, cifra que a Polícia Militar deflacionou para 60 mil.
Também não coincidem os números das pesquisas eleitorais, que, a partir de hoje, têm divulgação proibida. A última delas, da Fundação Futura, aponta empate técnico em 35%. Mas seu valor científico é comprometido por só ter ouvido eleitores por telefone.
O parâmetro ainda é dado pela pesquisa do Cerc (Centro de Estudos da Realidade Contemporânea), publicada terça-feira pelo diário "El Mercurio", e que dá a Lagos uma vantagem de sete pontos sobre Lavín (48% a 41%). Mas faltariam ainda dois pontos para traduzir essa dianteira na maioria absoluta, o que dispensaria o socialista de um segundo turno, marcado para 16 de janeiro.
Os dois principais candidatos carregam bem mais diferenças em suas biografias que em suas plataformas de campanha. Lavín, 46 anos, católico e pai de sete, é economista pós-graduado em Chicago e ex-assessor do regime do general Pinochet (1973-90).
Lagos, 61, é um socialista que não se opõe às privatizações e à economia de mercado. Integra, com o Partido Democrata Cristão, a "Concertación Democrática", do presidente Eduardo Frei.
Apesar de oferecerem receitas para superar a atual recessão que não ameacem o modelo de Estado atrofiado, ambos voltaram a dividir o Chile em duas metades com forte identidade histórica. Lavín tenta escapar da pecha de pinochetista à paisana, mas seus eleitores são basicamente os mesmos que em 1988 votaram -e perderam- a favor do prosseguimento do regime militar.
Por sua vez, o eleitorado de Lagos teme, sem razões muito sólidas, que uma vitória de Lavín traga de volta ao Chile um pouco do "fedor do autoritarismo".
Apesar da polarização, registraram-se apenas sete confrontos entre cabos eleitorais. O chileno médio transpira a sucessão presidencial. Ontem à tarde, nos calçadões centrais de Santiago, discutia-se a campanha em rodas de conhecidos ou nas cafeterias.


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