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PROPAGANDA POLÍTICA
Programas na TV têm estilo brasileiro
do enviado especial
O socialista Ricardo Lagos,
candidato do governo, procurou reforçar a imagem de um
ancião calmo e experiente, como se fosse um avô em companhia de quem qualquer jovem
eleitor chileno gostaria de conversar durante a macarronada.
"Convido você para a jornada
épica de domingo."
Seu mais sério adversário, o
direitista Joaquín Lavín, contrapôs imagens de arquivo em
branco e preto, reproduzindo
conflitos de rua entre estudantes e policiais nos anos 60, com
a paz bucólica de um campo
verdejante. "Poderíamos ser
um povo mais forte sem as décadas de divisão e brigas que
atravessamos."
Eles e os quatro outros candidatos à Presidência da República no Chile usaram ontem pela
última vez os 2 minutos e 30 segundos a que tiveram direito,
ao meio-dia e às 20h50, de
"franja política", ou propaganda eleitoral gratuita.
O estilo da produção das inserções é muito semelhante ao
das campanhas brasileiras:
convictas afirmações de princípio, seguidas de rostos sorridentes, bandeiras que se agitam e trilha sonora alegre.
Lavín e Lagos destinaram à
propaganda pela TV uma parte
ignorada de um orçamento
eleitoral que ambos dizem não
ultrapassar US$ 6 milhões
-mas que pode ser o dobro no
caso do socialista ou mais que o
quádruplo no caso do candidato do bloco "conservador".
Foi a primeira vez no Chile
que equipes de marqueteiros
tiveram voz de comando na direção das campanhas. Lavín
importou a equipe que permitiu a José María Aznar chegar à
chefia do governo na Espanha.
Lagos teve uma equipe local.
Isso provocou uma espécie
de pasteurização, de despolitização dos conteúdos, regra
quebrada apenas pelo Partido
Comunista, de Gladys Marín,
que explicitou sua retórica partidária. "Nosso suor e nosso
sangue serviram para enriquecer uma minoria", disse.
Ela, a ambientalista Sara Larrain e Tomás Hirsch, do Partido Humanista, fizeram as gravações em jardins. Arturo Frei,
chefe de uma cisão do Partido
Democrata Cristão, pôs sua
mulher para pedir votos.
(JBN)
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