São Paulo, Sexta-feira, 10 de Dezembro de 1999


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PROPAGANDA POLÍTICA
Programas na TV têm estilo brasileiro

do enviado especial

O socialista Ricardo Lagos, candidato do governo, procurou reforçar a imagem de um ancião calmo e experiente, como se fosse um avô em companhia de quem qualquer jovem eleitor chileno gostaria de conversar durante a macarronada. "Convido você para a jornada épica de domingo."
Seu mais sério adversário, o direitista Joaquín Lavín, contrapôs imagens de arquivo em branco e preto, reproduzindo conflitos de rua entre estudantes e policiais nos anos 60, com a paz bucólica de um campo verdejante. "Poderíamos ser um povo mais forte sem as décadas de divisão e brigas que atravessamos."
Eles e os quatro outros candidatos à Presidência da República no Chile usaram ontem pela última vez os 2 minutos e 30 segundos a que tiveram direito, ao meio-dia e às 20h50, de "franja política", ou propaganda eleitoral gratuita.
O estilo da produção das inserções é muito semelhante ao das campanhas brasileiras: convictas afirmações de princípio, seguidas de rostos sorridentes, bandeiras que se agitam e trilha sonora alegre.
Lavín e Lagos destinaram à propaganda pela TV uma parte ignorada de um orçamento eleitoral que ambos dizem não ultrapassar US$ 6 milhões -mas que pode ser o dobro no caso do socialista ou mais que o quádruplo no caso do candidato do bloco "conservador".
Foi a primeira vez no Chile que equipes de marqueteiros tiveram voz de comando na direção das campanhas. Lavín importou a equipe que permitiu a José María Aznar chegar à chefia do governo na Espanha. Lagos teve uma equipe local.
Isso provocou uma espécie de pasteurização, de despolitização dos conteúdos, regra quebrada apenas pelo Partido Comunista, de Gladys Marín, que explicitou sua retórica partidária. "Nosso suor e nosso sangue serviram para enriquecer uma minoria", disse.
Ela, a ambientalista Sara Larrain e Tomás Hirsch, do Partido Humanista, fizeram as gravações em jardins. Arturo Frei, chefe de uma cisão do Partido Democrata Cristão, pôs sua mulher para pedir votos. (JBN)


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