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São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2003

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DEMOGRAFIA

ONU estima que o Brasil vai ter 223 milhões de habitantes em 2300

População mundial cresce menos

CÍNTIA CARDOSO
DE NOVA YORK

O mundo deverá abrigar 9 bilhões de habitantes em 2300. As estimativas, divulgadas ontem pela Organização das Nações Unidas, mostram um crescimento menor do que o estimado anteriormente.
Estatísticas feitas há dois anos indicavam que a população mundial ficaria entre 10 bilhões e 12 bilhões já em 2200. De acordo com a Divisão de População do Departamento de Economia e Assuntos Sociais das Nações Unidas, a revisão para baixo reflete a queda global das taxas de natalidade e, também, o impacto das mortes causadas pela Aids.
No caso do Brasil, a população brasileira será de 223 milhões em 2300. O número colocará o Brasil em oitavo lugar no ranking dos países mais populosos do mundo. Em 2000, o país ocupava a quinta posição.
Para chegar a essas estimativas, a ONU usou uma taxa de fertilidade de 2 filhos por mulher. Esse cenário é o mais provável.

Cenários alternativos
No cenário baixo, caso aconteça um decréscimo de um quarto sobre a taxa de dois filhos por mulher, a projeção cairia para 2,6 bilhões de habitantes em 2300. No cenário alto, com um acréscimo de um quarto sobre essa taxa, a população global atingiria 36,4 bilhões contra 6,3 bilhões de pessoas existentes hoje.
No entanto, a ONU chama a atenção para um cenário alarmante. Mantidos os atuais níveis de fertilidade (a média mundial é de 2,69 filhos por mulher), o planeta teria que acomodar nada menos do que 134 trilhões de pessoas no ano 2300.
"Essa é uma projeção pouco provável, mas é um exercício interessante porque repousa nas taxas atuais de fertilidade. Isso serve para mostrar que essas taxas são insustentáveis", diz Armindo Miranda, conselheiro da Divisão de População da ONU.
De acordo com o centro de estudos "Population Institute", sediado em Washington, no caso de projeções demográficas superiores a 20 anos, há que se fazer revisões dos cálculos a cada dois anos para se aproximar de um número mais acurado. O instituto ressalta, porém, que as projeções, ainda que longínquas, podem servir para estimular políticas de planejamento familiar.
A ONU afirma também que fazer essas projeções pode auxiliar o estudo de pesquisas ambientais. "Essas projeções mostram o futuro, mas são sobre o presente. Hoje, com 6,3 bilhões de pessoas já enfrentamos problemas de acesso a recursos hídricos. Com 9 bilhões, o desafio será maior. Esperamos que esses números façam os governos refletirem sobre essa questão", afirma Miranda.

Declínio europeu
Com base no cenário intermediário, China, Índia e Estados Unidos permanecerão entre os três países mais populosos do mundo ao longo dos próximos três séculos.
A mesma base de cálculo indica que a participação da população africana no total mundial vai passar dos atuais 13% para 24% em 2300. A participação européia cairia de 12% para 7%. A Itália, por exemplo, teria o correspondente a 1% da população atual em 2300.
Segundo Miranda, a média mundial de 2,1 filhos por mulher é o necessário para a substituição de gerações.


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