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DEMOGRAFIA
ONU estima que o Brasil vai ter 223 milhões de habitantes em 2300
População mundial cresce menos
CÍNTIA CARDOSO
DE NOVA YORK
O mundo deverá abrigar 9 bilhões de habitantes em 2300. As
estimativas, divulgadas ontem
pela Organização das Nações
Unidas, mostram um crescimento menor do que o estimado anteriormente.
Estatísticas feitas há dois anos
indicavam que a população mundial ficaria entre 10 bilhões e 12 bilhões já em 2200. De acordo com a
Divisão de População do Departamento de Economia e Assuntos
Sociais das Nações Unidas, a revisão para baixo reflete a queda global das taxas de natalidade e, também, o impacto das mortes causadas pela Aids.
No caso do Brasil, a população
brasileira será de 223 milhões em
2300. O número colocará o Brasil
em oitavo lugar no ranking dos
países mais populosos do mundo.
Em 2000, o país ocupava a quinta
posição.
Para chegar a essas estimativas, a ONU usou uma taxa de fertilidade de 2 filhos por mulher. Esse cenário é o mais provável.
Cenários alternativos
No cenário baixo, caso aconteça
um decréscimo de um quarto sobre a taxa de dois filhos por mulher, a projeção cairia para 2,6 bilhões de habitantes em 2300. No
cenário alto, com um acréscimo
de um quarto sobre essa taxa, a
população global atingiria 36,4 bilhões contra 6,3 bilhões de pessoas existentes hoje.
No entanto, a ONU chama a
atenção para um cenário alarmante. Mantidos os atuais níveis
de fertilidade (a média mundial é
de 2,69 filhos por mulher), o planeta teria que acomodar nada
menos do que 134 trilhões de pessoas no ano 2300.
"Essa é uma projeção pouco
provável, mas é um exercício interessante porque repousa nas taxas atuais de fertilidade. Isso serve
para mostrar que essas taxas são
insustentáveis", diz Armindo Miranda, conselheiro da Divisão de
População da ONU.
De acordo com o centro de estudos "Population Institute", sediado em Washington, no caso de
projeções demográficas superiores a 20 anos, há que se fazer revisões dos cálculos a cada dois anos
para se aproximar de um número
mais acurado. O instituto ressalta,
porém, que as projeções, ainda
que longínquas, podem servir para estimular políticas de planejamento familiar.
A ONU afirma também que fazer essas projeções pode auxiliar o
estudo de pesquisas ambientais.
"Essas projeções mostram o futuro, mas são sobre o presente. Hoje, com 6,3 bilhões de pessoas já
enfrentamos problemas de acesso
a recursos hídricos. Com 9 bilhões, o desafio será maior. Esperamos que esses números façam
os governos refletirem sobre essa
questão", afirma Miranda.
Declínio europeu
Com base no cenário intermediário, China, Índia e Estados
Unidos permanecerão entre os
três países mais populosos do
mundo ao longo dos próximos
três séculos.
A mesma base de cálculo indica
que a participação da população
africana no total mundial vai passar dos atuais 13% para 24% em
2300. A participação européia cairia de 12% para 7%. A Itália, por
exemplo, teria o correspondente a
1% da população atual em 2300.
Segundo Miranda, a média
mundial de 2,1 filhos por mulher é
o necessário para a substituição
de gerações.
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