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São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2003

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ANÁLISE

Abismo digital dificilmente desaparecerá

DO LE MONDE

O acesso a novas tecnologias é uma das chaves para o desenvolvimento sustentável. O princípio consta explicitamente do texto final da Conferência do Milênio, promovida pela ONU em 2001. Propunha-se, então, reduzir a "fratura digital" entre os países ricos e os pobres. Mas isso dificilmente ocorrerá até 2015, como recomenda o Encontro Mundial sobre a Sociedade da Informação.
A marca mais visível da emergência da sociedade da informação está no crescimento explosivo da internet nos últimos cinco anos, constata o relatório de um dos conselhos do encontro, sobre análises econômicas.
Mas a rede mundial de computadores está implantada de forma desigual, dependendo da região. A fratura numérica separa o norte do sul, mesmo quando os dois pontos cardeais não se referem ao grau de desenvolvimento econômico dos conjuntos de países.
Exemplo: a Europa do sul está bem atrasada com relação à Europa do norte e aos EUA. A França, que em 1997 tinha 16% dos domicílios equipados com computadores, tem hoje 42%. Ou seja, a porcentagem registrada pelos EUA há cinco anos.
A tese dos autores do relatório que traz essa constatação é a de que a revolução digital não é propriamente uma revolução da informação e da comunicação, mas, bem mais que isso, "uma terceira revolução industrial", que carrega "a recomposição da gestão do saber e do conhecimento".
Por seu impacto sobre o acesso ao conhecimento, o ensino aplicado às tecnologias da informação é um objetivo educacional comparável à generalização, lá se vai um século, da leitura e da escrita nos países industrializados.
Para os países pobres o desafio é ainda maior. Naqueles em que a Aids faz grandes estragos demográficos, os professores morrem mais rapidamente do que a capacidade de substituí-los. Nesses países, os meios eletrônicos de difusão do saber são mais vitais como instrumento de ensino.
"A utilização e a aplicação dessas tecnologias são ainda um dos motores mais poderosos do crescimento econômico e continua a ser a melhor esperança para os países em desenvolvimento para ascender ao estágio de desenvolvidos", diz relatório do Fórum Econômico Mundial.
O Banco Mundial, que possui programa para diminuir o fosso digital por meio da educação, acredita que o crescimento exponencial das tecnologias da comunicação tenha exacerbado a distância dos países de renda alta daqueles de renda mais baixa.
O número de aparelhos de TV a cada mil habitantes é menos de um na Eritréia, 64 na Costa do Marfim e 805 nos Estados Unidos.
Quanto aos computadores domésticos por mil habitantes, há, a cada mil domicílios, menos de um em Burkina Fasso, 27 na África do Sul, 38 no Chile, 172 em Cingapura e 248 na Suíça.
Nos países africanos apenas 1 a cada 5.000 pessoas está conectada à internet, enquanto na Europa e na América do Norte a proporção é de 1 a cada 6.
O primeiro-ministro tunisiano, Mohamed Ghannouchi, lembrava recentemente que 91% dos que usam a internet estão em países industrializados, que totalizam 19% da população mundial.
Os países em desenvolvimento enfrentam dois tipos de problemas, relata uma fundação alemã. Os mais visíveis são o acesso à água, à eletricidade e à saúde. E há os até agora menos evidentes, ligados à falta de acesso às tecnologias da informação. Pois a entidade alemã acredita que só as tecnologias de informação possam ajudar esses países a resolver suas carências mais visíveis.


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