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ANÁLISE
Abismo digital dificilmente desaparecerá
DO LE MONDE
O acesso a novas tecnologias é
uma das chaves para o desenvolvimento sustentável. O princípio
consta explicitamente do texto final da Conferência do Milênio,
promovida pela ONU em 2001.
Propunha-se, então, reduzir a
"fratura digital" entre os países ricos e os pobres. Mas isso dificilmente ocorrerá até 2015, como recomenda o Encontro Mundial sobre a Sociedade da Informação.
A marca mais visível da emergência da sociedade da informação está no crescimento explosivo
da internet nos últimos cinco
anos, constata o relatório de um
dos conselhos do encontro, sobre
análises econômicas.
Mas a rede mundial de computadores está implantada de forma
desigual, dependendo da região.
A fratura numérica separa o norte
do sul, mesmo quando os dois
pontos cardeais não se referem ao
grau de desenvolvimento econômico dos conjuntos de países.
Exemplo: a Europa do sul está
bem atrasada com relação à Europa do norte e aos EUA. A França,
que em 1997 tinha 16% dos domicílios equipados com computadores, tem hoje 42%. Ou seja, a
porcentagem registrada pelos
EUA há cinco anos.
A tese dos autores do relatório
que traz essa constatação é a de
que a revolução digital não é propriamente uma revolução da informação e da comunicação, mas,
bem mais que isso, "uma terceira
revolução industrial", que carrega
"a recomposição da gestão do saber e do conhecimento".
Por seu impacto sobre o acesso
ao conhecimento, o ensino aplicado às tecnologias da informação é um objetivo educacional
comparável à generalização, lá se
vai um século, da leitura e da escrita nos países industrializados.
Para os países pobres o desafio é
ainda maior. Naqueles em que a
Aids faz grandes estragos demográficos, os professores morrem
mais rapidamente do que a capacidade de substituí-los. Nesses
países, os meios eletrônicos de difusão do saber são mais vitais como instrumento de ensino.
"A utilização e a aplicação dessas tecnologias são ainda um dos
motores mais poderosos do crescimento econômico e continua a
ser a melhor esperança para os
países em desenvolvimento para
ascender ao estágio de desenvolvidos", diz relatório do Fórum
Econômico Mundial.
O Banco Mundial, que possui
programa para diminuir o fosso
digital por meio da educação,
acredita que o crescimento exponencial das tecnologias da comunicação tenha exacerbado a distância dos países de renda alta daqueles de renda mais baixa.
O número de aparelhos de TV a
cada mil habitantes é menos de
um na Eritréia, 64 na Costa do
Marfim e 805 nos Estados Unidos.
Quanto aos computadores domésticos por mil habitantes, há, a
cada mil domicílios, menos de
um em Burkina Fasso, 27 na África do Sul, 38 no Chile, 172 em Cingapura e 248 na Suíça.
Nos países africanos apenas 1 a
cada 5.000 pessoas está conectada
à internet, enquanto na Europa e
na América do Norte a proporção
é de 1 a cada 6.
O primeiro-ministro tunisiano,
Mohamed Ghannouchi, lembrava recentemente que 91% dos que
usam a internet estão em países
industrializados, que totalizam
19% da população mundial.
Os países em desenvolvimento
enfrentam dois tipos de problemas, relata uma fundação alemã.
Os mais visíveis são o acesso à
água, à eletricidade e à saúde. E há
os até agora menos evidentes, ligados à falta de acesso às tecnologias da informação. Pois a entidade alemã acredita que só as tecnologias de informação possam ajudar esses países a resolver suas carências mais visíveis.
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