São Paulo, sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

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Taxas levam estudantes a ruas de Londres

Revoltados com plano que prevê valores três vezes maiores, universitários entram em confronto com a polícia

Liberais-democratas, membros da coalizão governista, são alvos de críticas, por promessa de não apoiar medida

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Milhares de estudantes entraram em confronto com a polícia ontem em Londres após uma votação no Parlamento britânico que aprovou o aumento da anuidade de universidades no país e rachou a coalizão governista.
O protesto deixou um saldo de pelo menos sete manifestantes presos e 13 feridos. Oito policiais ficaram feridos.
O polêmico aumento foi aprovado na Câmara dos Comuns por uma margem muito pequena de votos (323 a 302), considerando que a coalizão governista tem uma maioria de 84 cadeiras.
O plano triplica as anuidades do atual limite máximo de 3.290 libras (cerca de R$ 8.800) para até 9.000 libras.
O texto deve ser avaliado pela Câmara dos Lordes na próxima terça-feira.
As manifestações contra a medida já haviam começado semanas antes, em diversos locais do país.
Ontem, manifestantes fizeram passeatas pelo centro de Londres e se concentraram em frente ao Parlamento. Eles carregavam faixas e placas com a mensagem "a educação não está à venda".
Antes mesmo do fim da votação, estudantes começaram a atirar fogos de artifício, bombas de tinta e bolas de bilhar na polícia.
Policiais de unidades de choque usaram escudos para tentar impedir os estudantes de entrar no Parlamento.
Ao ouvirem o resultado, eles começaram a vaiar e gritar a palavra "vergonha".
Manifestantes arrebentaram a porta do Ministério das Finanças e lutaram com a polícia no interior do edifício. Outros grupos fizeram pichações em paredes e atiraram blocos de concreto e pedaços de ferro para quebrar janelas.
A cavalaria da polícia foi chamada e dispersou os manifestantes usando cacetetes e gás lacrimogêneo.

PROMESSA
O vice-primeiro-ministro Nick Clegg e seu Partido Liberal-Democrata eram os alvos preferenciais dos estudantes.
Na campanha para as eleições gerais de maio -na qual o Partido Conservador do premiê David Cameron conquistou o maior número de cadeiras, mas não o suficiente para governar com uma maioria-, os liberais-democratas assinaram compromisso pelo qual fariam oposição ao aumento.
Mas, como parte do governo, ajudaram a elaborar a proposta de mudança.
"Estou aqui porque os liberais-democratas quebraram sua promessa", disse Shivan David.
Já o estudante John Dawson, 16, reconheceu que é tarde para mudar a opinião dos parlamentares, mas disse que protestos vão continuar.
Segundo a lei aprovada, em contrapartida ao aumento das anuidades, o governo elevou o nível de renda estipulado para que os estudantes comecem a quitar seus financiamentos das mensalidades da universidade.
Também foi estendido o número de estudantes aptos a receber financiamentos.
Clegg defendeu o o aumento como a "melhor escolha possível" em um tempo de incerteza econômica.
"Dentro das circunstâncias que enfrentamos, onde não há muito dinheiro disponível, onde milhões de pessoas terão de fazer sacrifícios e onde os jovens querem no futuro ir para a universidade, temos de encontrar uma solução que contemple a todos", disse à BBC.
A medida, no entanto, rachou seu partido: 21 liberais-democratas votaram contra e oito se abstiveram.
A votação era considerada um teste importante para a coalizão governista e para a política de austeridade que vem sendo implementada pelo governo britânico para reduzir seu deficit fiscal.
Para equilibrar suas contas, o governo do Reino Unido aprovou um pacote de quatro anos de cortes de gastos no valor aproximado de 81 bilhões de libras (cerca de R$ 210 bilhões).


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