São Paulo, sexta-feira, 10 de dezembro de 2010 |
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Na véspera do Nobel, China bloqueia acesso à mídia Medida ocorre para evitar que pessoas no país assistam à entrega do prêmio ao dissidente chinês pró-democracia Liu Xiaobo DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS O governo da China bloqueou o sinal local da emissora norueguesa NRK ontem, na véspera da entrega do Prêmio Nobel da Paz ao dissidente Liu Xiaobo. A visualização do site da BBC e do endereço eletrônico da própria NRK também foram interrompidos. Houve ainda relatos de que o site da CNN, rede de TV americana, estava inacessível. O objetivo das autoridades do país asiático é evitar que as pessoas consigam informações sobre a cerimônia do Nobel, que ocorre hoje em Oslo (Noruega). A porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China, Jiang Yu, disse que "a maior parte do mundo" é contrária à premiação. O número dos que confirmaram presença no evento vai na contramão da declaração da chancelaria chinesa. Das 65 embaixadas em Oslo, capital norueguesa, pelo menos 45 confirmaram que enviarão seus representantes à festa. Ao lado da China, outros 18 países descartaram comparecer. Entre eles, destacam-se Rússia, Paquistão, Irã, Venezuela e Cuba. Uma associação que reúne chineses que residem na Noruega planeja manifestação em frente ao Parlamento para condenar a entrega do prêmio ao dissidente. "O prêmio criou um conflito entre a China e o restante do mundo", afirmou Ya Ming Yuen, porta-voz do grupo. "A China fez enorme progresso e está muito mais democrática agora na comparação com dez anos atrás", completou. As autoridades chinesas ficaram furiosas com o prêmio de US$ 1,4 milhão concedido a Liu, descrevendo a escolha feita pela comissão do Nobel como um ataque ao sistema político e legal do país. Liu Xiaobo, crítico literário e professor universitário, está cumprindo uma condenação de 11 anos de prisão por "apoiar e promover atos subversivos contra o Estado". Desde 1989, quando aderiu ao movimento pró-democracia, incomoda os governantes comunistas. Ele ajudou a escrever a "Carta 08", manifesto de 303 intelectuais e dissidentes em nome da abertura democrática, da liberdade de expressão e de religião. Esse documento foi utilizado como prova no julgamento em que foi condenado a 11 anos de prisão. Sua esposa, Liu Xia, está presa em regime domiciliar em Pequim, o que impossibilita que busque o prêmio no lugar do marido. CADEIRA VAZIA Como protesto à posição chinesa, o vencedor do Nobel será representado por uma cadeira vazia. É a primeira vez desde 1936, quando o ex-ditador alemão Adolf Hitler proibiu o pacifista Carl von Ossietzky de aceitar o prêmio, que ninguém estará presente para receber a homenagem. Em 1991, a líder oposicionista de Mianmar, Aung San Suu Kyi, à época presa, foi representada por parentes. Como forma de contraponto, Pequim criou o Prêmio Confúcio da Paz. A cerimônia de premiação ocorreu ontem. O ex-vice-presidente taiwanês Lien Chan foi o primeiro condecorado por ter construído uma "ponte de paz entre Taiwan e China". Para os que julgaram, Chan levou "felicidade" aos países, que vivem situação tensa. A China vê Taiwan como uma província rebelde. Texto Anterior: Opinião: Capital tem dia de protestos com forte sotaque francês Próximo Texto: Diplomacia: País promove reunião para buscar paz Índice | Comunicar Erros |
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