São Paulo, sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

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OPINIÃO

Capital tem dia de protestos com forte sotaque francês

GERALD THOMAS
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM LONDRES

Príncipe Charles e Camilla Parker-Bowles atacados no próprio carro. Tacaram fogo na árvore de Natal de Trafalgar Square, e na Oxford Street, uma das ruas de mais movimento, dúzias de estudantes estão atacando lojas.
Moro a uma dúzia de metros da praça do Parlamento, onde fica o Ministério das Finanças. Os estudantes estão quebrando vidros do prédio, e o gás lacrimogêneo cor-de-rosa vaza pelas frestas da minha janela, produzindo uma tosse horrenda, nariz, olhos e garganta em pandemônio.
Protestos em Londres geralmente são pacíficos. Tão pacíficos que geralmente participo deles -como a marcha contra a invasão do Iraque, em 2003, que reportei para a Folha.
Mas hoje Londres falou francês. Talvez, daqui a pouco, carros estarão em chamas (como estamos acostumados a ver, mas sempre em Paris).
Os estudantes estão furiosos com a elevação das anuidades escolares, que o Parlamento passou. Nem no governo Thatcher chegou-se ao cúmulo de deixar a educação ter uma inflação elevada, com esse custo de até 9.000 libras anuais (R$ 24,3 mil).
Entre mortos e feridos, quem mais perde aqui é o vice-premiê britânico, Nick Clegg, líder do Partido Liberal-Democrata. Estamos presenciando o que pode ser o fim do governo de coalizão entre o conservador David Cameron e Clegg.
Mas a cena aqui na minha região é previsível: manifestantes avançam; polícia recua ou avança; manifestantes recuam. A polícia não tem máscaras suficientes para esse gás. Por isso param, de tempos em tempos.
Rola porrada. Muita. Coisa rara aqui em Londres. Chamem o Sarkozy rápido!!!

GERALD THOMAS é diretor e autor teatral


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