São Paulo, quinta-feira, 11 de janeiro de 2001

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ORIENTE MÉDIO

Palestinos dizem que é "declaração de guerra"

Sharon, favorito nas pesquisas, diz que acordos de Oslo estão mortos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O candidato do partido direitista Likud ao cargo de primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, afirmou, numa entrevista a um semanário ultra-ortodoxo e ultranacionalista, que se for eleito no dia 6 de fevereiro mudará as regras do jogo com os palestinos e não seguirá os acordos de Oslo, assinados em 1993.
"Os acordos de Oslo estão mortos. Ponto", disse Sharon ao semanário "Kfar Habad". Ele defendeu a negociação de acordos parciais em bases mais restritas que as oferecidas pelo atual governo.
As declarações foram duramente criticadas ontem por autoridades palestinas. Saeb Erakat, um dos principais negociadores palestinos no processo de paz, qualificou a afirmação de Sharon como "uma declaração de guerra".
"Suas declarações significam que ele prega a guerra, a agressão, a escalada (da violência), afirmou Erakat. "O que ele disse significa que é impossível chegar a um acordo", disse ele.
A secretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright, também criticou as declarações de Sharon e disse que ele está "equivocado". "Oslo ainda é um marco para as negociações de paz", disse ela.
Os acordos de Oslo, assinados em setembro de 1993 pelo líder palestino Iasser Arafat e pelo então primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin, previam a concessão gradativa de autonomia aos palestinos sobre partes da Cisjordânia e da faixa de Gaza. Os acordos constituem a base do processo de paz israelo-palestino, hoje paralisado após mais de três meses de Intifada (levante palestino).
A atual Intifada teve início em 28 de setembro, após uma visita de Sharon ao Monte do Templo (ou Santuário Nobre, para os árabes), área disputada por israelenses e palestinos na Cidade Velha de Jerusalém.
As pesquisas de intenção de voto dão a Sharon uma vantagem de 18 a 28 pontos percentuais sobre o atual premiê, o trabalhista Ehud Barak.
O Likud fez uma declaração de respaldo a seu candidato.
"Claro que Oslo está morto", afirmou o chefe do departamento internacional do Likud, Zalman Shoval, ex-embaixador de Israel nos EUA. Para ele, "a paz é uma necessidade para ambas as partes" e a retomada das negociações é "uma questão de tempo".
Shoval afirmou que o Likud tem "mais experiência" nas negociações com os árabes. "Não esqueçam que fomos nós que levamos a cabo grande parte das negociações", disse ele, citando o tratado de paz com o Egito, em 1978, e afirmando que 90% das negociações que resultaram no tratado de paz com a Jordânia, em 1994, foram feitas enquanto o Likud estava no poder.


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