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VENEZUELA
Presidente ataca TVs, chama empresários de "insensíveis" e pede que militares se preparem para tomar fábricas de alimentos
Chávez ameaça mídia e setor alimentício
DA REDAÇÃO
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, criticou ontem os empresários do país que apóiam a
greve geral comandada pela oposição, desde 2 de dezembro, e fez
ameaças aos donos de canais de
TV e às empresas de alimentos.
Em um discurso em Cojedes
(200 km a sudoeste de Caracas),
transmitido em cadeia de rádio e
TV, ele pediu às Forças Armadas
que "se preparem para tomar fábricas e depósitos de alimentos"
paralisados pela greve, que vem
provocando desabastecimento.
"Vão preparando planos para
tomar militarmente as fábricas e
depósitos de alimento. Também
estou disposto a tomar ações para
assegurar a distribuição dos alimentos", disse Chávez. Anteriormente, ele já havia destacado os
militares para retomar petroleiros
controlados por grevistas e para
operar refinarias paralisadas.
Ele acusou ainda as empresas de
alimentos que seguem a greve geral de "violentar a Constituição e
as leis" e disse que os empresários
são "insensíveis". "Não se equivoquem com Hugo Chávez. Eu não
permitirei que matem o povo venezuelano de fome", disse.
"Tivemos que gastar bilhões de
dólares em importação de alimentos. Por quê? Porque alguns
empresários insensíveis deixaram
de produzir farinha para pão e
mantêm estocados arroz e milho", afirmou.
O presidente da Câmara Venezuelana da Indústria de Alimentos, Rafael Alfonzo, criticou as
ameaças de Chávez e disse que o
desabastecimento é provocado
pela "falta de gasolina", que prejudica a distribuição. Para ele, o
presidente, com as ameaças, "está
complicando mais as coisas".
Durante seu discurso, Chávez
ameaçou ainda os donos de canais de TV. "Ou cumprem a
Constituição e as leis ou teremos
que fazê-los cumprir... Não vamos continuar permitindo a propaganda de guerra", disse.
Chávez acusa os grandes grupos
de mídia de apoiar uma "conspiração golpista" contra ele. Ontem,
as principais empresas de comunicação do país anunciaram que
apoiarão financeiramente a realização de um referendo sobre seu
mandato no dia 2 de fevereiro. O
governo é contra a consulta.
Chávez acusou nominalmente o
empresário Gustavo Cisneros,
um dos mais poderosos da América Latina, a quem chamou de
"golpista e fascista". "Ele já disse
em algumas partes do mundo que
não descansará até que Hugo
Chávez esteja fora do poder ou
morto. O senhor Cisneros está
equivocado. Aqui não se trata de
Hugo Chávez, se trata de um povo
e de um país que se chama Venezuela", disse. "Nós, os revolucionários, não temos medo de nenhum oligarca, por mais dinheiro
que possa ter."
Ele citou especialmente os canais Venevisión, de Cisneros, Radio Caracas Televisión, Globovisión e Televén. "Nós temos sido
bastante tolerantes, mas não vamos continuar permitindo a propaganda de guerra que fazem esses quatro canais, os quatro cavaleiros do apocalipse", disse.
Os meios de comunicação do
país vêm apoiando a greve geral,
convocada para forçar Chávez a
aceitar um referendo sobre seu
mandato, renunciar ou convocar
eleições antecipadas.
Chávez, cujo mandato vence em
janeiro de 2007, diz que não renunciará e que cumprirá a Constituição, que só permite a realização de uma consulta popular a
partir de agosto, quando seu governo chega à metade.
Explosão
Uma granada explodiu na noite
de anteontem na residência do
embaixador argelino em Caracas,
num ato que o governo chamou
de "conspiração contra as instituições" por parte da oposição.
A Argélia havia oferecido à Venezuela o envio de técnicos especializados em petróleo para ajudar a combater a greve geral, que
afeta sensivelmente a indústria
petroleira. Pedido de ajuda semelhante foi feito pelo presidente
Chávez à Pretrobras.
A explosão da granada, no jardim da residência, provocou apenas danos materiais em um carro
e feriu um cachorro. Segundo a
polícia, ela teria sido atirada do lado de fora da casa. Ninguém se
responsabilizou pelo atentado.
"Isso é parte da conspiração
contra nossas instituições. Essa é
a face golpista da oposição venezuelana", afirmou o chanceler venezuelano, Roy Chaderton.
A explosão ocorreu após várias
ameaças de bomba em embaixadas em Caracas. As sedes das representações de Alemanha, Canadá e Austrália foram esvaziadas
anteontem após as ameaças.
Com agências internacionais
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