São Paulo, sábado, 11 de janeiro de 2003

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IRAQUE NA MIRA

Europeus querem evitar guerra logo; EUA enviam mais tropas

UE pede mais tempo para inspeção

DA REDAÇÃO

Líderes europeus insistiram ontem numa resolução pacífica para a crise com o Iraque, e os EUA continuaram com os seus preparativos para uma ofensiva contra Bagdá, enviando tropas à região.
Washington disse que enviará em breve mais 7.000 militares ao golfo Pérsico -o país está dobrando o seu contingente de 60 mil homens na região. Ainda ontem, o governo ordenou a mobilização de outros 25 mil militares.
O chanceler (premiê) da Alemanha, Gerhard Schröder, afirmou que fará "tudo o que for possível" para que a resolução da ONU sobre o desarmamento do regime do ditador Saddam Hussein seja cumprida sem a necessidade de um conflito armado. Javier Solana, chefe da política externa da União Européia (UE), declarou que "sem provas, seria muito difícil começar uma guerra".
Até agora, os inspetores de armas da ONU dizem não ter encontrado no Iraque provas de que Saddam continua a desenvolver armas de destruição em massa, banidas pela ONU.
Apesar disso, os EUA mantêm o tom de suas declarações, segundo as quais o ditador do Iraque desrespeita decisões da ONU e deve ser controlado antes que faça uso de seu arsenal.
O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica, Mohamed El Baradei, pediu ontem aos americanos que colaborem com os inspetores da ONU, fornecendo dados específicos sobre "onde ir e o que inspecionar".
"A guerra não é e não precisa ser inevitável", disse o presidente da Comissão Européia, Romano Prodi. Os 15 integrantes da UE estão divididos sobre a questão.
O Reino Unido, maior aliado dos americanos, já prepara suas tropas. A França é mais reticente: diz que um ataque só deve ocorrer se autorizado pela ONU com uma justificativa plausível. Os alemães se opõem a uma ofensiva.
"As inspeções precisam continuar e, por essa razão, não há bases para uma ação militar", afirmou o embaixador da Alemanha na ONU, Gunter Pleuger.
A Grécia, que assumiu a presidência rotativa da UE neste mês, tenta unificar a posição dos países do bloco contra a ação militar e pretende lançar uma iniciativa diplomática para evitar um ataque.
"Temos de fazer tudo o que pudermos para encontrar uma solução pacífica", disse o premiê grego, Costas Simitis. O chanceler George Papandreou planeja ir ao Oriente Médio em fevereiro. Mas a missão grega é difícil, principalmente por causa da posição britânica de apoiar uma ação militar.

Tropas
Cerca de 7.000 fuzileiros navais baseados na Carolina do Norte e um número indefinido de pilotos de bombardeiros serão transferidos ao golfo Pérsico nos próximos dias, disseram ontem autoridades militares americanas.
Três navios da Marinha ancorados na Virgínia, com capacidade de transportar 3.000 soldados, estão sendo preparados. Washington já começou a mandar mais de 12 mil soldados baseados na Geórgia e também na Alemanha.
As tropas estão sendo concentradas principalmente no Kuait e no Qatar. O governo da Turquia revelou ontem que autorizou a visita de 150 especialistas militares dos EUA a algumas bases em seu território que poderiam ser usadas em caso de guerra.


Com agências internacionais


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