São Paulo, quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

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Venezuela diz que haverá indenização

Chávez anuncia que pretende nacionalizar o gás; planos incluem mudar direitos de propriedade e limitar lucro bancário

"Não vamos fazer nada ilegal, vamos negociar", diz Ricardo Sanguino, presidente da Comissão de Finanças da Assembléia


DA REDAÇÃO

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, negociará acordos com as empresas que deverão ser nacionalizadas, informou ontem um parlamentar da base governista.
"Não vamos fazer nada ilegal. Vamos negociar", disse ontem Ricardo Sanguino, presidente da Comissão de Finanças da Assembléia Nacional. "Sempre haverá compensação."
Chávez anunciou nesta semana a nacionalização da Cantv, principal empresa de telecomunicações do país, e de empresas do setor elétrico.
No entanto, apenas a Cantv foi citada por Chávez como empresa passível de nacionalização. Sanguino se recusou a citar outras empresas, mas disse que os acionistas serão respeitados.
A nacionalização é apenas a mais visível das reformas econômicas anunciadas apenas em linhas gerais por Chávez para o novo mandato, iniciado ontem.
O venezuelano planeja também retirar a autonomia do Banco Central, mudar os direitos de propriedade ampliando o conceito de propriedade coletiva, limitar a lucratividade de bancos, instituições de saúde e educacionais e aumentar ainda mais a presença do Estado na atividade petrolífera.
Ontem, a Bolsa de Valores de Caracas subiu 5,76%, uma leve recuperação da queda de 18,66% no dia anterior. A Bolsa não é o termômetro da economia venezuelana, movida pela produção petroleira.
Em outro anúncio sobre o que pretende implementar no novo mandato, Chávez recomendou ontem que o Estado assuma os projetos de gás natural. Atualmente, a legislação venezuelana permite que empresas estrangeiras controlem projetos com esse combustível.
No discurso, Chávez disse que a Constituição "reserva as atividades de petróleo [para o Estado], mas não o gás".
A medida afetaria empresas como Chevron e a Statoil. A Petrobras tem planos de desenvolver projetos de gás no país.

Carta do PT
O PT enviou uma carta ontem a Chávez parabenizando-o pela posse de ontem, mas sem referências diretas aos recentes anúncios feitos pelo venezuelano. O texto é assinado por Ricardo Berzoini, presidente do partido, e por Marco Aurélio Garcia, vice-presidente do PT e assessor internacional de Lula, entre outros dirigentes.
"Estamos seguros de que seu governo e o governo do presidente Lula consolidarão o processo de integração dos povos que, desde o Mercosul e a Comunidade Sul-americana das Nações, estão transformando nossa América em um continente de luta por justiça, paz e democracia", diz a carta.


Com agências internacionais

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