São Paulo, quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Nota do Brasil tem avaliações divergentes

DA REPORTAGEM LOCAL

A missão brasileira na OEA (Organização dos Estados Americanos) fez anteontem uma intervenção dúbia no Conselho Permanente sobre a crise entre o presidente venezuelano, Hugo Chávez, e o secretário do organismo, o chileno José Miguel Insulza, provocada pela decisão de Caracas de não renovar a concessão de uma emissora de TV oposicionista.
A nota, lida pelo ministro Fernando Simas, afirma que as manifestações sobre o tema da OEA e do governo da Venezuela "deixam, igual e vigorosamente, constância da importância do tema da liberdade de expressão no hemisfério e da relevância do mesmo no âmbito de nosso ordenamento democrático".
Por outro lado, a intervenção brasileira ressalva que "o sistema interamericano dispõe dos mecanismos adequados para que temas desse alcance possam ser vistos dentro de um espírito construtivo, solidário e cooperativo". Traduzindo da linguagem diplomática, o Brasil afirmou que considera a liberdade de expressão um tema passível de ser tratado no âmbito da OEA, como defende Insulza, mas que a nota do secretário-geral não foi a forma mais adequada para lidar com o assunto.
Em nota na semana passada, Insulza disse que a decisão de não renovar a licença da RCTV era incomum nas democracias latino-americanas. Chávez, que apoiou a eleição do chileno, em 2005, pediu a sua renúncia.
Ontem, o venezuelano falou que vai procurar Insulza para conversar, mas voltou a dizer que ele não deveria se intrometer na sua decisão .
Em 31 de dezembro, a Relatora Especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA divulgou uma nota -que passou despercebida pela imprensa e não foi criticada por Caracas- na qual expressava "preocupação" em relação à decisão de Chávez sobre a RCTV e exortava o governo venezuelano a "preservar a pluralidade dos meios de comunicação de massa".
A intervenção brasileira, no entanto, teve mais de uma interpretação. A imprensa chilena disse que o Brasil deu "apoio incondicional" a Insulza, como classificou o diário "El Mercúrio".
Já a TV estatal venezuelana, VTV, fez uma leitura favorável a Chávez. A Folha apurou que o chefe da missão venezuelana na OEA agradeceu o Itamaraty pelo teor da intervenção.


Texto Anterior: Venezuela diz que haverá indenização
Próximo Texto: Ex-inimigo dos EUA, Ortega volta ao poder
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.