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Bush sugere fim da "ocupação" israelense
Presidente insiste sobre a segurança de Israel, mas apela para que os dois lados façam "concessões políticas dolorosas"
Posição contrasta com a de 2004; americano sugere criar fundo compensatório para que palestinos abram mão de direito de retorno
DA REDAÇÃO
Depois de apelar para que palestinos e israelenses façam
"concessões políticas dolorosas" para chegarem à paz, o presidente George W. Bush pediu a
Israel que ponha fim à "ocupação" da Cisjordânia, para com
isso possibilitar a criação de um
Estado palestino.
Bush esteve pela manhã em
Ramallah, Cisjordânia, onde
conferenciou com Mahmoud
Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina. Visitou
em seguida Belém, local apontado como o de nascimento de
Jesus. Mais tarde voltou a Jerusalém, onde leu uma declaração em que exortou os dois lados a "concessões dolorosas".
O presidente americano foi
bem mais longe que na véspera
em termos verbais, quando havia apenas defendido o desmantelamento dos "assentamentos ilegais" israelenses em
solo cisjordaniano.
Ao usar a palavra "ocupação",
rara no vocabulário diplomático dos Estados Unidos, ele contradisse previsões, como a publicada pelo jornal israelense
"Haaretz", de que se limitaria a
um jogo de cena para acobertar
seu favoritismo por Israel.
Ainda quanto à Cisjordânia,
afirmou que o futuro Estado
palestino precisaria ser territorialmente "contínuo" e que os
palestinos mereceriam mais
que "um queijo suíço" -menção ao território entrecortado
por assentamentos judaicos.
Mudança de posição
Esse posicionamento contrasta com o que o próprio
Bush declarou em abril de
2004, ao receber em Washington o então primeiro-ministro
Ariel Sharon. Disse na época
que Israel poderia conservar
parte dos territórios palestinos
conquistados em 1967.
O presidente afirmou que a
fronteira definitiva entre palestinos e israelenses deverá "acomodar as mudanças territoriais" ocorridas desde a criação
de Israel, sem dar detalhes.
Sugeriu que os palestinos
não mais se referissem às resoluções da ONU que reconheciam como fronteiras as anteriores à Guerra dos Seis Dias.
Elas não foram no passado, disse, de maior utilidade política.
Ao lado de Abbas, em Ramallah, perguntou se os palestinos
queriam um futuro baseado
num Estado democrático ou
"apenas a mesma e velha coisa". Abbas respondeu que, com
certeza, queria um Estado.
Bush não deu sugestões sobre como dividir Jerusalém. Os
palestinos reivindicam o setor
oriental como capital do futuro
Estado. "Sei que Jerusalém é
um tema difícil. Os dois lados
têm preocupações políticas e
religiosas. Mas é fundamental
que cada lado compreenda que
uma das chaves do acordo está
em concessões."
Bush também sugeriu a criação de um fundo internacional
para indenizar os palestinos
pelo não exercício do "direito
ao retorno" -às terras e imóveis ancestrais, confiscados
quando da criação de Israel.
Os acordos de Camp David,
em 2000, naufragaram sobretudo porque o então líder palestino Iasser Arafat não quis
abrir mão desse direito.
De modo insistente, o presidente americano reiterou que a
segurança de Israel é um dos
pivôs de sua diplomacia. Em
nome dela justificou os atuais
postos de controle na Cisjordânia -embora também reconhecesse que eles eram um incômodo para os palestinos.
Mas, com maior ênfase, exortou os palestinos a desmontar a
"infra-estrutura terrorista" em
seus territórios.
Disse que o Hamas, desde
que se apoderou de Gaza, tem
como resultado a apresentar
"apenas a fome". O porta-voz
do grupo islâmico que venceu
as eleições palestinas de 2006,
Sami Abu Zuhri, qualificou as
afirmações de Bush de "uma
declaração de guerra".
Hoje no Kuait
Depois de Israel e dos territórios palestinos, Bush segue hoje para o Kuait, terceira etapa
de sua viagem ao Oriente Médio, que também o levará ao
Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Egito.
Com o emir kuaitiano, Sabah
4º, é previsível que ele reitere o
discurso sobre a ameaça iraniana e reafirme que o esforço
americano para que Teerã não
produza a bomba atômica leva
também em conta a segurança
dos Estados árabes do Golfo.
Com agências internacionais
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