São Paulo, segunda, 11 de janeiro de 1999

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INVESTIGAÇÃO
Henri Paul, que também morreu no acidente, é apontado como o único responsável pela morte da princesa
Inquérito do caso Diana culpa motorista

ISABEL CLEMENTE
de Londres

Nenhuma pessoa será processada pelas mortes da princesa Diana e de seu namorado, Dodi al Fayed, em agosto de 97, em acidente de carro num túnel de Paris.
Essa foi a conclusão da investigação conduzida pelo juiz francês Hervé Stephan, que levou 16 meses, sobre as circunstâncias do trágico acidente, informou ontem o jornal "Sunday Mirror".
O único possível culpado pelo acidente seria o motorista Henri Paul, que também está morto, diz o relatório citado pelo jornal.
Apenas três dos paparazzi que perseguiam o Mercedes no qual estavam a princesa e Dodi serão julgados, por "falharem no atendimento aos acidentados e obstruírem o atendimento de emergência". São eles os primeiros três fotógrafos que chegaram à cena do acidente.
A investigação isenta de culpa os funcionários do Hotel Ritz, pertencente a Mohamed al Fayed, pai de Dodi. Eles estavam sendo acusados de negligência por permitir que Henri Paul, um motorista que não tinha a licença especial exigida na França para dirigir o Mercedes, assumisse a direção do carro.
Também não serão incriminados os donos da firma que alugou o carro para o hotel. A acusação seria "arriscar a vida de outros" por não fornecer um motorista qualificado para o trabalho.
Foram encontradas substâncias antidepressivas no sangue do motorista, assim como o triplo da quantidade de álcool aceita pela lei francesa.
Diz o jornal também que a velocidade em que estava o Mercedes na hora do acidente era o dobro da permitida por lei.
Segundo o relatório, houve apenas "um leve esbarrão" entre o Mercedes e um Fiat Uno branco, que, segundo indícios colhidos na época do acidente, poderia ter atrapalhado o motorista.
Henri Paul e Dodi morreram na hora; a princesa Diana, mais de três horas depois, já no hospital.
O guarda-costas da princesa, Trevor Rees-Jones, o único sobrevivente, ainda sofre de lapsos de memória.
O advogado de Rees-Jones, Christian Curtil, lamentou a conclusão das investigações. "Foram 16 meses para se chegar a absolutamente nada. É muito triste", disse.
Um dos fotógrafos que escapou das acusações, Nicolas Arsov, 31, disse ao "Sunday Mirror" que seus colegas são "bodes expiatórios de um julgamento show", porque "estavam apenas cumprindo com seus trabalhos".
O advogado de um outro paparazzi, Romuald Rat, que assumiu ter tirado fotos enquanto Diana sangrava, disse que "ele não fez nada de errado".
Segundo o jornal, a investigação, que resultou em um dossiê de 5.000 páginas, custou mais de US$ 10 milhões. Cerca de 160 testemunhas foram ouvidas.
O relatório das investigações será submetido aos advogados das partes envolvidas. Eles terão três semanas para apelar. Mais interrogatórios deverão ser realizados antes do encaminhamento das intimações aos indiciados.



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