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INTERNET SOB ATAQUE
Para especialistas, achar piratas da rede de computadores é mais difícil que prender traficantes
FBI tem dificuldade de rastrear hacker
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
especial para a Folha, de San Francisco
Especialistas em segurança na
Internet são céticos sobre as chances de o FBI (polícia federal dos
EUA) elucidar os maiores ataques
já sofridos pela Internet, de segunda-feira a anteontem.
"Existe uma possibilidade muito grande de o FBI nunca ficar sabendo quem produziu alguns dos
ataques", disse Avi Rubin, dos laboratórios AT&T, ao site especializado em computação Cnet.com.
Segundo os editores da Cnet, os
policiais vão perceber que "é muito mais difícil investigar o ciberespaço do que sair correndo atrás
de um bando de traficantes do sul
da Flórida".
"Neste momento, não posso dizer honestamente que tenhamos
noção de qual é o motivo (do ataque)", disse ontem Eric Holder,
subsecretário de Justiça dos EUA.
As sabotagens começaram na
segunda-feira, quando o site mais
popular da Internet, o Yahoo (que
recebe 465 milhões de consultas
diárias), foi repentinamente
inundado por uma quantidade
gigantesca de informações e ficou
três horas fora do ar.
O vandalismo chegou depois a
alguns dos endereços mais importantes da rede, como as lojas
Amazon e Buy.com, a casa de leilões virtuais eBay, a página da rede de TV norte-americana CNN,
especializada em notícias, a de informações sobre tecnologia
ZDNet, e as financeiras E-Trade e
Datek (de compra e venda de
ações pelo computador).
Nesse tipo de ataque, os piratas
(ou hackers) não entram nos
computadores das vítimas para
roubar informações.
Eles simplesmente as bombardeiam com uma quantidade tão
monstruosa de dados que o acesso a elas fica bloqueado. A técnica
se chama recusa de serviço, ou
"denial of service".
"É preciso deixar claro à população americana que estamos fazendo tudo o que podemos para
descobrir exatamente quem está
por trás disso", disse Holder.
Anteontem, a superior hierárquica de Holder, a secretária de
Justiça dos EUA, Janet Reno,
anunciou um pedido de US$ 37
milhões (R$ 67 milhões) para reforçar o programa federal de
combate ao que ela chamou de
"cibercrime".
Zumbis eletrônicos
Chegar aos vândalos eletrônicos
que fizeram os ataques mais recentes na rede mundial de computadores é especialmente difícil
porque eles usam milhares de
máquinas espalhadas pelo mundo, sem que os donos se dêem
conta. Esses computadores funcionam como zumbis eletrônicos
sob o comando de um mestre à
distância.
Computadores pessoais, ligados à Internet por linha telefônica, estão a salvo, porque os hackers precisam de máquinas com
conexões super-rápidas para
atuarem.
As declarações do subsecretário
Holder deixam claro que o FBI está diante de um labirinto sobre o
qual sabe muito pouco.
Ataque externo
"Uma das possibilidades é que
os ataques tenham vindo de fora
dos Estados Unidos, porque isso
já aconteceu no passado. Mas, no
momento, não temos nenhuma
indicação de que seja esse o caso",
disse Holder.
Nenhum grupo se responsabilizou pelo vandalismo. Uma lei de
96 prevê multa de US$ 250 mil
(R$ 450 mil) e até dez anos de prisão a quem "transmitir intencionalmente programa, informação,
código ou comando com a finalidade de causar danos".
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