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JUSTIÇA
Engenheiro é acusado de manter empregada como escrava nos Estados Unidos; pena será definida em maio
Júri condena brasileiro por escravidão
MALU GASPAR
enviada especial a Greenbelt
O engenheiro eletrônico brasileiro Renê Bonetti foi considerado culpado pela corte de Greenbelt, nos arredores de Washington, de ter mantido sua empregada doméstica como escrava por
20 anos nos Estados Unidos.
Bonetti também era acusado de
ter "conspirado" com a mulher,
Margarida, para manter a doméstica Hilda dos Santos, 65, como
imigrante ilegal no país, e de tê-la
submetido a maus-tratos e colocado sua vida em risco.
Os 12 jurados consideraram,
por unanimidade, que Bonetti é
culpado de todas as acusações,
mas a sentença só será expedida
pela juíza em 15 de maio. Sua pena pode chegar a 20 anos.
Até lá, Bonetti ficará preso. A
juíza considerou que seus laços
com o Brasil são "suficientemente
próximos" para que ele tivesse
condições de fugir até que sua
sentença seja determinada. Algemado, o engenheiro saiu do julgamento direto para a cadeia.
Margarida Bonetti foi para o
Brasil no ano passado e está foragida da Justiça norte-americana.
Há uma ordem de prisão contra
ela, mas o Brasil não expatria seus
cidadãos. Seu processo ainda não
foi a julgamento, mas ela poderá
ser julgada à revelia.
O advogado do casal, John Maginnis, afirmou que recorrerá da
condenação. Ele afirmou que deve levar no mínimo um ano até
que o recurso seja julgado. Segundo Maginnis, Hilda foi influenciada "por pessoas que queriam se
aproveitar dela" a mentir no tribunal. A defesa afirma que ela
tem a idade mental de uma criança de 5 anos (leia texto abaixo).
O processo contra os Bonetti
começou no final de 1998, quando
Hilda foi encontrada por uma entidade católica brasileira num
hospital da capital dos EUA. O casal estava viajando quando ela sofreu uma crise provocada por um
tumor no estômago e foi levada
por vizinhos ao hospital. Desde
então, Hilda estava sob proteção
de uma igreja de Washington.
Ela foi trazida pelo casal aos Estados Unidos em 1979, quando
Bonetti veio trabalhar para a empresa Intelsat. O engenheiro, que
afirma que Hilda não era formalmente uma empregada, disse ter
dado essa informação ao Serviço
de Imigração para conseguir o
visto. Em 1984, quando ele foi
transferido da Intelsat para a
Comsat, o visto não foi renovado.
A partir daí, o casal teria parado
de pagar salário à Hilda. A família
afirma que os salários são depositados numa conta no Brasil.
Além da condenação de ontem,
os Bonetti ainda enfrentam uma
ação civil movida por Hilda, que
pede uma indenização de US$ 1
milhão por danos morais, psicológicos e financeiros causados a
ela durante os 20 anos que passou
com a família.
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