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São Paulo, terça-feira, 11 de fevereiro de 2003

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IRAQUE NA MIRA

Em carta à ONU, iraquianos dizem aceitar o uso de aviões de monitoramento U-2 no trabalho dos inspetores

Bagdá anuncia mais concessões à ONU

DA REDAÇÃO

O Iraque enviou ontem uma carta aos inspetores de armas da ONU em que aceita o uso de aviões de monitoramento U-2 e disse que pretende aprovar uma lei, na semana que vem, proibindo o uso de armas de destruição em massa, segundo o embaixador iraquiano na ONU.
"Agora, os inspetores estão livres para usar os U-2 americanos, assim como os aviões franceses e os russos", afirmou o embaixador Mohamed al Douri.
A permissão para que os U-2 pudessem ajudar a monitorar o Iraque era uma das principais reivindicações dos inspetores de armas da ONU, além da aprovação da lei contra o uso de armas de destruição em massa.
O ditador do Iraque, Saddam Hussein, disse que os aviões americanos e britânicos que patrulham as zonas de exclusão aérea impostas no Iraque não deveriam lançar ataques contra o país durante os vôos do U-2.
Não estava claro se Saddam impunha uma condição para a realização dos vôos, mas o embaixador Al Douri disse que a carta enviada aos inspetores de armas não continha nenhuma precondição.
O Iraque havia dito anteriormente que não podia garantir a segurança dos U-2 enquanto aviões estrangeiros patrulhassem as zonas de exclusão aérea.
Os EUA afirmaram que a aprovação dos vôos não muda o fato de que Bagdá deve se desarmar. Scott McClellan, porta-voz da Casa Branca, disse que "o presidente [George W. Bush] está interessado no desarmamento [do Iraque]". Até o momento, o Iraque vinha proibindo a utilização de aviões U-2 -considerados importantes para a procura de armas de destruição em massa.
O chanceler britânico, Jack Straw, deve dizer hoje, em discurso divulgado ontem, que "nem 100 mil inspetores poderão desarmar o Iraque se Saddam não cumprir as demandas da ONU".
Al Douri entregou a carta ao escritório da ONU administrado pelo sueco Hans Blix, responsável pelas inspeções de armas químicas e biológicas.
Anteontem, Blix disse ter percebido "o início de uma atitude séria na direção de uma cooperação mais substancial". Ele e o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o egípcio Mohamed El Baradei, reuniram-se em Bagdá, no final de semana, com autoridades iraquianas para pedir mais colaboração.
Na sexta-feira, Blix e Baradei apresentarão seus relatórios sobre as inspeções ao Conselho de Segurança (CS) da ONU. Se disserem que o Iraque não está colaborando, os EUA e seu principal aliado, o Reino Unido, terão mais força para pressionar o CS a aprovar uma nova resolução autorizando o uso da força. Mas, se disserem que o Iraque mudou de atitude, França, Rússia e China terão mais argumentos para defender a continuação das inspeções. Os cinco são membros permanentes do CS, com direito a veto.
Um grupo de especialistas em mísseis se reuniu em Nova York ontem para analisar as informações obtidas por Blix a respeito de dois mísseis cujo alcance ultrapassa o permitido pela ONU. Membros da ONU informaram que Blix está buscando informações técnicas e legais adicionais para utilizar em seu relatório.
O chefe dos inspetores que deve dizer ao CS que os mísseis são ilegais. Se ele fizer isso, cabe ao CS decidir o que fazer, mas fontes ligadas à ONU dizem que os EUA devem usar a violação como argumento para defender o desarmamento do Iraque à força.


Com agências internacionais


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