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IRAQUE OCUPADO
Militar dos EUA diz que ataque tem "marcas da Al Qaeda"; bomba fomenta temor de violência sectária
Atentado em delegacia mata ao menos 50
DA REDAÇÃO
A explosão de um carro-bomba
ontem em frente a uma delegacia
numa cidade xiita do sul do Iraque deixou ao menos 50 mortos e
75 feridos, além de alimentar temores de que terroristas fomentem a violência sectária para desestabilizar ainda mais o país.
Nenhum grupo reivindicou a
autoria do ataque, que o general
americano Mark Kimmit disse ter
"as marcas da Al Qaeda".
O atentado, o terceiro pior do
pós-guerra e o oitavo do tipo somente neste ano, ocorreu em Iskandariya, 40 km ao sul de Bagdá,
quando a delegacia recebia inscrições de candidatos a policiais.
O ataque faz voltar à tona a
questão da violência sectária. Na
véspera, o comando americano
apresentara uma carta supostamente escrita pelo jordaniano
Abu Musab al Zarqawi, que opera
no Iraque e é investigado por ter
laços com a Al Qaeda, na qual ele
pede à rede de Osama bin Laden
apoio para detonar uma onda de
ataques contra os xiitas.
O intuito, diz o missivista, é voltar a maioria xiita contra a minoria sunita, privilegiada pelo ex-ditador Saddam Hussein, e provocar uma guerra civil, dificultando
a entrega do poder ao governo interino iraquiano em 30 de junho.
Além dos temores de uma guerra civil, a carta interceptada pelos
EUA também serviu para alimentar suspeitas de que a Al Qaeda esteja agindo no Iraque. Atentados
suicidas, sobretudo os coordenados, são uma marca da rede responsável pelo 11 de Setembro e
eram incomuns na laica sociedade iraquiana antes da guerra.
Horas após o ataque, quatro policiais foram mortos a tiros em
uma emboscada em Bagdá.
Os iraquianos que colaboram
com a ocupação se tornaram o
maior alvo da insurgência -desde a captura do ex-ditador, em 13
de dezembro, operações da insurgência mataram mais de 180 iraquianos, enquanto os ataques
contra soldados dos EUA nesse
período diminuíram.
Todos os mortos ontem eram
iraquianos, e entre eles estavam
vários candidatos a policiais. Os
números sobre o total de vítimas
ainda eram desencontrados. Funcionários de hospitais mencionavam entre 50 e 54 mortos, enquanto a coalizão anglo-americana confirmou 35 e o Ministério do
Interior iraquiano situava as baixas "entre 40 e 50".
Não há consenso se havia um
terrorista suicida. Uma picape
vermelha carregada com 225 quilos de explosivos foi detonada em
frente às barricadas de sacos de
areia e arame que protegiam a delegacia, reduzida a escombros.
Areia, destroços e pedaços dos
corpos das vítimas se espalharam
pela rua em frente.
Um grupo de moradores se
aglomerou em frente ao local gritando palavras de protesto contra
as forças americanas, a quem atribuiu a culpa pelo atentado. Eles só
dispersaram quando os policiais
dispararam para o ar.
Também ontem, os americanos
anunciaram a morte de dez homens que armavam uma emboscada na noite de anteontem em
Muqdadiyah (nordeste), e a prisão de Elia Madhi Elia, general do
extinto Exército de Saddam.
A Casa Branca e a comissão federal que analisa os ataques do 11 de Setembro chegaram ontem a um acordo que dará aos investigadores um acesso mais amplo aos relatórios diários secretos de inteligência fornecidos ao presidente George W. Bush pela CIA. Entre esses relatórios consta um memorando feito um mês antes dos ataques que discute a possibilidade de seqüestro de aviões por terroristas da Al Qaeda.
Propina de Saddam
O ex-chefe do programa da
ONU Petróleo por Alimentos, Benon Sevan, negou ontem ter recebido propina da ditadura de Saddam. O nome dele está na lista publicada pelo diário bagdali "Al
Mada" de indivíduos, empresas e
grupos iraquianos e estrangeiros
subornados com petróleo. A
ONU, que manteve o programa
iraquiano por 12 anos, exigiu documentos provando a acusação.
Com agências internacionais
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