São Paulo, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CHINA

Voto é necessário, diz vice-ministro

Taiwan quer mandato popular para negociar

MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO

O governo de Taiwan precisa de um mandato popular para poder negociar uma proposta de integração com a China "com base na aceitação mútua da paridade e dos princípios democráticos", de acordo com Chen Ming-tong, vice-ministro taiwanês para Assuntos sobre a China Continental.
"Um Estado soberano não precisa tornar-se independente novamente. Já somos independentes, imprimimos moeda, temos Forças Armadas etc. Queremos ter relações pacíficas com a China, pois isso é a base da estabilidade no estreito de Taiwan. Não resolveremos nossas diferenças militarmente", afirmou Chen, em entrevista coletiva realizada em São Paulo. Segundo ele, Taiwan é um Estado reconhecido por 26 países.
Para Chen, se os dirigentes taiwaneses conseguirem obter um mandato popular no referendo de 20 de março próximo -dia em que também ocorrerá a eleição presidencial-, a China será obrigada a "tornar-se mais realista, analisando a proposta de aproximação política de Taipé".
Pequim, que considera Taiwan uma "Província rebelde", classificou de "uma provocação" a iniciativa do presidente Chen Shui-bian de convocar um referendo.
Este perguntará aos eleitores se eles crêem que seja necessário que Taiwan reforce sua defesa antimísseis se a China não aceitar retirar seus mísseis que estão apontados para a ilha e se eles concordam em que Taipé busque negociar a paz com Pequim.
Questionado pela Folha sobre a dificuldade em negociar com o governo comunista chinês "com base na aceitação mútua da paridade e dos princípios democráticos", Chen disse que Taipé também pretende "encorajar uma mudança de regime" na China.
"Trata-se de um processo lento, mas, no futuro, pretendemos negociar com Pequim diferentes possibilidades de integração. Porém o status de Hong Kong ["um Estado, dois sistemas"] é inaceitável, visto que já somos independentes", afirmou o vice-ministro.
De acordo com ele, há duas frentes a serem exploradas. Primeiro, os interesses comerciais da China deverão motivar Pequim a aceitar discutir temas políticos.
"Os chineses são muito bons em negociações que misturam questões econômicas com políticas. Eles querem fechar acordos de livre comércio, de liberação do uso do espaço aéreo e de aproximação dos serviços postais. Com isso, poderemos inserir questões políticas nas discussões", avaliou.
Segundo, internacionalmente, Taipé conta com seus aliados em Washington e em Tóquio. "Os EUA e o Japão também poderão pressionar os chineses a aceitar uma negociação", afirmou Chen.
O vice-ministro lembrou ainda que por volta de 50 mil empresas taiwanesas já estão instaladas em território chinês e que o comércio bilateral anual oscila entre US$ 30 bilhões e US$ 40 bilhões, o que "não pode ser desprezado".


Texto Anterior: Faça o que eu digo...: Guru das dietas era obeso, afirma jornal
Próximo Texto: Caribe: Governo haitiano reconquista três das 11 cidades tomadas por rebeldes
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.