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DITADURA
Argentina prende militares que mataram guerrilheiros em 1972
ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES
Dois ex-integrantes da
Marinha argentina foram
presos no último sábado por
disparar contra 19 guerrilheiros em 22 de agosto de
1972, no crime que ficou conhecido como Massacre de
Trelew. Dos 19, 16 morreram, e os três que se salvaram fazem parte da lista de
desaparecidos da última ditadura militar (1976-1983).
A Justiça argentina também ordenou a captura de
outros três ex-membros da
Marinha: dois não foram encontrados, e o terceiro está
nos Estados Unidos, mas deve voltar ao país amanhã.
Foram presos Rubén Norberto Paccagnini, 81, que era
chefe da base naval Almirante Zar, onde ocorreu o crime,
em Trelew (1.450 km ao sul
de Buenos Aires), e Emilio
Jorge Del Real, 73, então capitão-de-fragata, que teria
estado no local do massacre.
Testemunhas, no entanto,
apontam que os principais
responsáveis pelos assassinatos seriam o capitão Luis
Emilio Sosa e o tenente Roberto Guillermo Bravo, não
localizados.
O massacre de Trelew
aconteceu no fim da ditadura
militar instalada em 1966,
após uma fuga fracassada da
cadeia de Rawson de guerrilheiros dos grupos Montoneros, ERP e FAR. Após perderem um avião que os levaria
ao Chile, mas que partiu com
apenas seis de seus líderes,
os 19 guerrilheiros se entregaram e foram fuzilados. Pela versão oficial, eles teriam
sido mortos após nova tentativa de fuga.
O juiz Hugo Sastre, responsável pela decisão, enquadrou o caso como delito
de lesa-humanidade, como
os demais praticados durante a última ditadura. Dessa
forma, os crimes não prescreveram. Os ex-integrantes
da Marinha serão levados à
mesma prisão de onde os
guerrilheiros tentaram fugir.
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